quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

A dívida da ciência com a religião

O estudo científico teve como impulso o método de
interpretação da Bíblia redescoberto pelos protestantes.
      Vivemos num mundo estruturado sobre a tecnologia e que, por isso, é incrivelmente dependente dela. Graças ao avanço científico, somos capazes de enviar robôs a outros planetas, carregar computadores na palma da mão ou amarrados ao pulso e até modificar o código genético de espécies. No entanto, a ciência nem sempre teve essa precisão e status. Os “cientistas” da Idade Média trabalharam em condições bem precárias, comparadas às atuais. E essa diferença não se explica somente pelo abismo tecnológico e de conhecimento que separa os dois ­períodos, mas também pelo modo com o qual as pessoas interpretavam os fenômenos naturais. Alguns estudiosos defendem a ideia de que existe uma relação íntima entre a forma com que a Bíblia (o livro da revelação especial de Deus) era interpretada e como a natureza (o livro da revelação natural de Deus) era estudada. Este artigo pretende mostrar como o método de interpretar o texto sagrado redescoberto pelos protestantes teve impacto no modo de fazer ciência. 

Do alegórico para o literal


       Durante a Idade Média, o método de interpretação alegórico proposto por Orígenes (185-253) foi o mais empregado no estudo da Bíblia. Em seu livro Tratado Sobre os Princípios, ele desenvolve sua teoria hermenêutica (de interpretação) defendendo que todo texto bíblico tem três sentidos: o literal, o moral e o alegórico, sendo que o último deveria ser o mais almejado pelos intérpretes cristãos[1]. O método alegórico buscava encontrar o sentido espiritual do texto bíblico. Assim, objetos, animais, lugares ou pessoas relatados na Bíblia representavam verdades espirituais além deles mesmas. As cinco pedrinhas que Davi pegou para matar Golias, por exemplo, eram interpretadas por exegetas (intérpretes) católicos como significando fé, obediência, serviço, oração e Espírito Santo. Por sua vez, para o abade francês Bernardo de Claraval (1090-1153), os dentes da amada de Cantares 4:2 significavam os monges e a vida no mosteiro.

     Nesse tempo, tudo era visto de forma simbólica; e esse método era aplicado à natureza também. O valor simbólico da natureza era visto como superior a seu aspecto físico. E somente os fenômenos naturais mencionados nas Escrituras recebiam atenção. Sendo assim, a natureza não era explorada por seu valor intrínseco nem pelo interesse em seus mecanismos, mas era utilizada apenas como um repertório para lições teológicas e morais. Basílio de Cesareia (329-379), por exemplo, afirmava que “todo animal venenoso é aceito como a representação dos poderes contrários e perversos” encontrados no ser humano[2]. Agostinho, por sua vez, acreditava que criaturas aladas representassem os fiéis que haviam recebido instrução na fé cristã, e que, assim, poderiam “voar pelos céus”[3]. 


Pesquisa restrita aos livros


      Outro contraste entre a ciência moderna e a medieval é que a daquela época não tinha como base a observação e a experimentação, não era empírica como a de hoje. Os “cientistas”, como podemos chamar os filósofos naturais daquele período, restringiam suas pesquisas às bibliotecas. Quando os oceanos ou as estrelas eram o objeto de estudo, eles recorriam aos livros de pensadores gregos como Aristóteles e Platão, porque não entendiam a pesquisa científica como um empreendimento exploratório ou inquisitivo. Predominava a cultura do livro, na qual a ciência era entendida como uma atividade de preservação e transmissão do conhecimento obtido pelos autores clássicos da Antiguidade [4]. Porém, com o advento do protestantismo, Lutero passou a defender uma hermenêutica literalista da Bíblia. Para muitos protestantes, o que importava era o sentido óbvio que emana do texto. Desse ponto de vista, não mais era preciso depender dos pais da igreja para entender a Bíblia. Cada leitor tinha autonomia para interpretar as Escrituras. Em busca do sentido literal do texto, os exegetas protestantes se voltaram para as línguas originais da Bíblia a fim de corrigir os erros que haviam sido inseridos nas traduções do livro sagrado e que, consequentemente, influenciaram a distorção de algumas doutrinas cristãs. O esforço deles acabou resultando no retorno à fonte do verdadeiro conhecimento espiritual. 

Da contemplação para a observação


      As mudanças propostas por reformadores como Martinho Lutero, João Calvino e Ulrico Zuínglio impactaram a sociedade europeia do século 16 de tal maneira a ponto de mudar a filosofia, a educação e as ciências. A exemplo dos intérpretes da Bíblia, estudiosos de outras áreas perceberam que precisavam urgentemente romper com o pensamento medieval a fim de encontrar novos métodos para a obtenção do conhecimento. Assim como os teólogos, os cientistas migraram do estudo alegórico ou simbólico da natureza para uma análise literal e concreta do mundo que os cercava. Deixaram a ênfase mais contemplativa para procurar entender os mecanismos naturais por meio da observação e experimentação. O objetivo deles era controlar a natureza a fim de aprimorar a condição humana. De certa maneira, o ideal protestante de encontrar o sentido óbvio do texto bíblico contribuiu para que a sociedade da época procurasse métodos “científicos” de explicar os fenômenos naturais e de utilizar esse conhecimento de forma prática.

      Além disso, a leitura literalista do livro de Gênesis ajudou os cientistas a olhar de outra forma para o mundo natural, pois eventos, pessoas e lugares relatados na Bíblia passaram a ser interpretados como reais e históricos. As referências ao jardim do Éden, por exemplo, atraíram esforços de curiosos para identificar sua verdadeira localização e características físicas. “O texto de Gênesis, lido literalmente, proporciona lampejos de volta à época em que a humanidade teve conhecimento completo do mundo natural, exerceu domínio total sobre todas as criaturas e se comunicou numa linguagem natural que fosse perfeitamente capaz de retratar a essência de todas as coisas”, analisa o historiador Peter Harrison[5].

O papel redentivo da ciência


      Naquele contexto, a queda moral de Adão e Eva também passou a ser interpretada como um fato histórico. Assim, exegetas protestantes começaram a acreditar que toda a perfeição da humanidade, incluindo sua capacidade de obter conhecimento, havia se perdido com a expulsão do paraíso. Por isso, como forma de redenção, os cientistas protestantes passaram a ver na empreitada científica um modo de restaurar a humanidade à sua condição de soberania original. Essa restauração do ser humano (e da criação, por consequência) deveria se dar em duas frentes. Na primeira, a mente humana restauraria todas as coisas à sua unidade original pelo conhecimento do mundo natural. Na segunda, o ser humano assumiria o controle da natureza, retomando a posição de Adão como mordomo da criação. Como podemos ver, para muitos, a investigação científica se tornou uma atividade redentiva e com motivação espiritual.

      Esse foi um conceito especialmente defendido pelo inglês Francis Bacon (1561-1626). Em sua obra Novum Organum, Bacon argumenta que “o ser humano, por meio de sua queda no pecado, perdeu tanto seu estado de inocência quanto seu domínio sobre a criação. Ambas as perdas, entretanto, podem ser reparadas nesta vida de forma parcial – a primeira por meio da religião e da fé; a última por meio das artes e das ciências”[6]. Movido por esse ideal “restauracionista”, ele conseguiu criar uma “reforma das ciências”, fundamentando-a em seu conhecido método de indução. Bacon também foi fundamental no estabelecimento da Sociedade Real de Londres, renomada instituição que até hoje patrocina o avanço da ciência no Reino Unido. “O domínio sobre as coisas” era um dos objetivos da sociedade, conforme relata Thomas Sprat, primeiro historiador da entidade[7]. Graças a esse espírito, a Inglaterra foi o berço do método empírico de Bacon e das invenções tecnológicas que viabilizaram a revolução industrial nos séculos 18 e 19. “Se não fosse o conhecido empirismo britânico, fundado por Francis Bacon durante a era elisabetana, as ciências modernas teriam permanecido, em grande medida, um ramo especulativo da ‘filosofia ­natural”, analisa o filósofo e teólogo norte-americano Carl Raschke.[8]

      Em resumo, podemos concluir que a interpretação literal do texto bíblico resgatada pelos protestantes foi um dos fatores a impulsionar o surgimento da ciência moderna, com sua ênfase no estudo empírico da natureza. É, portanto, uma ironia pensar que, em nossos dias, interpretar literalmente o texto bíblico seja visto como símbolo de fundamentalismo e um obstáculo para o avanço científico. Ao que parece, a moral da história entre ciência e religião é que a primeira tem uma dívida com a Reforma Protestante.  

Via: Criacionismo

Notas bibliográficas:

1 - The AnteNicene Fathers, v. 4, p. 359;

2- Fathers of the Church, v. 46, p. 207;

3 - Nicene and Post-Nicene Fathers of the Christian Church, v. 1, p. 199;

4 - The New Cambridge Modern History: The Reformation, 1520-1559, v. 2, p. 423;

5 - The Bible, Protestantism, and the Rise of Natural Science (p. 70);

6 - Works, v. 4, p. 247;

7 -  History of the Royal Society, p. 62;

8 - Encyclopedia of Sciences and Religions (p. 1751).


quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Os judeus "roubaram" a terra dos palestinos?

     Nos dias atuais, o povo judeu está na Terra Prometida graças ao decreto divino e a muito sangue, suor e lágrimas. Apesar da propaganda árabe alegar que os judeus “roubaram” a terra dos palestinos, a verdade dos fatos mostra que os judeus, além de não roubarem a terra, compraram-na legalmente dos proprietários muçulmanos que não davam valor à terra nem a queriam mais. Os turco-otomanos saquearam e pilharam a terra, mas os pioneiros judeus lhe restauraram a vida. A história comprova que aquela terra só floresce e frutifica quando o povo de Deus está de posse dela. O Império Otomano se estabeleceu no século XIII e sua influência se estendeu sobre a Terra Santa em 1516, quando o Império Turco, sob o comando do sultão Salim al-Yavuz derrotou e expulsou os mamelucos que dominavam aquele território e o Egito desde 1270.[1]

       Os otomanos, que apesar de não serem árabes professavam a fé islâmica, dividiram aquele território recentemente anexado ao seu império em quatro sanjaks (termo turco que significa “estandarte” ou “bandeira”).[2] Eram eles: Jerusalém, Gaza, Nablus e Safed. Cada sanjak se constituía numa entidade organizacional, militar, econômica e jurídica.[3] Contudo, aquela terra viveu em estado de miséria sob o governo otomano. Os primeiros três séculos de domínio otomano isolaram a Palestina da influência externa [...] O sistema tributário otomano foi nocivo e muito contribuiu para que a terra continuasse subdesenvolvida e sua população permanecesse pequena. Quando [o historiador] Alexander W. Kinglake atravessou o rio Jordão nos idos de 1834-1835, utilizou a única ponte que havia sobre o Jordão, uma antiguidade romana que sobreviveu.[4] No entanto, apesar de toda sorte de privações, um remanescente do povo judeu sempre permaneceu na terra.

       Mesmo depois da destruição do Estado judeu pelos romanos, comunidades judaicas continuavam a existir. Vez por outra, todos os governos subsequentes tentaram eliminar os judeus, porém nenhum deles conseguiu, segundo comprovam vários relatos no decorrer dos séculos. No século XIX, quando iniciaram o atual “retorno” à Eretz Yisrael [Terra de Israel], os sionistas se juntaram aos judeus que nunca deixaram a terra.[5] Os judeus foram perseguidos impiedosamente pelos turcos e tiveram que pagar tributos conforme índices que equivaliam à extorsão. Em seu extraordinário livro, intitulado From Time Immemorial [“Desde Tempos Imemoriais”], Joan Peters citou frases de alguns cristãos que visitaram a importante cidade judaica de Safed no século XVII. Eles declararam: “os judeus pagam pelo próprio ar que respiram”.[6] Contudo, a senhora Peters escreveu: “na virada do século, a população judaica aumentara de 8-10 mil (em 1555) para algo entre 20-30 mil habitantes”.[7]

       Entretanto, a situação deles era trágica pelo fato de que todos os não-muçulmanos eram oficialmente tolerados (num status de segunda classe denominado dhimmi), mas não eram considerados iguais perante a lei. Desse modo, o povo judeu não tinha direitos nem proteção sob a lei islâmica. E mais, eles estavam sujeitos a pagar tributos exorbitantes, a serem humilhados e, até mesmo, mortos – como a maioria deles foi – pelos muçulmanos. Em 1660, por exemplo, os judeus de Safed foram massacrados e a cidade foi destruída, apesar das aviltantes taxas e tributos que o povo judeu pagava. A senhora Peters escreveu que em 1674, “os judeus de Jerusalém foram igualmente empobrecidos pela opressão do regime turco-muçulmano”. Ela citou as seguintes palavras do padre jesuíta Michael Naud: “Eles [os judeus] preferem ser prisioneiros em Jerusalém a desfrutarem da liberdade que poderiam ter em outro lugar [...] O amor dos judeus pela Terra Santa [...] é inacreditável”.[8] Um judeu que visitou a terra de Israel em 1847 escreveu o seguinte:
"Eles [o povo judeu] não têm nenhuma proteção e estão à mercê de policiais e paxás (título dos governadores de províncias do Império Otomano) que os tratam do jeito que bem entendem [...] as suas propriedades [dos judeus] não estão à disposição deles e eles não ousam reclamar de algum dano sofrido por temerem a vingança dos árabes. A vida deles é precária e todos os dias correm o risco de morrer.[9]"

Uma “Vastidão Deplorável”


       Quando Mark Twain, o famoso escritor e humorista americano, visitou aquela terra em 1869, a descrição que fez da terra, então governada pelos muçulmanos turco-otomanos, estava muito distante de uma “terra que mana leite e mel”:

"Nós atravessamos algumas milhas de um território abandonado cujo solo é bastante rico, mas que estava completamente entregue às ervas daninhas – uma vastidão deplorável e silenciosa [...] lagartos cinzentos, que se tornaram os herdeiros das ruínas, dos sepulcros e da desolação, entravam e saíam por entre as rochas ou paravam quietos para tomar sol. Onde a prosperidade reinou e sucumbiu; onde a glória resplandeceu e desvaneceu; onde a beleza habitou e foi embora; onde havia alegria e agora há tristeza; onde o esplendor da vida estava presente, onde silêncio e morte jaziam nos lugares altos, lá esse réptil faz a sua morada e zomba da vaidade humana.[10]"

Em outro capítulo, Twain escreveu o seguinte:

"Não há um único vilarejo em toda a sua extensão – nada num raio de trinta milhas em qualquer direção. Existem dois ou três agrupamentos de tendas de beduínos, mas não há sequer uma habitação permanente. Uma pessoa pode cavalgar dez milhas pelas redondezas sem conseguir ver dez seres humanos. Uma das profecias se aplica a essa região: “Assolarei a terra, e se espantarão disso os vossos inimigos que nela morarem. Espalhar-vos-ei por entre as nações e desembainharei a espada atrás de vós; a vossa terra será assolada, e as vossas cidades serão desertas” (Lv 26.32-33). Nenhum ser humano que esteja aqui nas proximidades da deserta Ain Mellahah pode dizer que a profecia não se cumpriu.[11]"

       De fato, a desobediência do povo de Israel na Antiguidade trouxe desolação. Porém, a terra nem sempre foi assim. A Bíblia descreve a terra dada a Abraão, Isaque e Jacó como “uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel” (Êx 3.8). Deus prometera a Seu povo que eles seriam abençoados na seguinte condição: “Se atentamente ouvires a voz do SENHOR, teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que hoje te ordeno...” (Dt 28.1). Além disso, Deus advertiu que a desobediência deles lhes causaria o afastamento da Terra Prometida e que a própria terra ficaria desolada. Entretanto, Deus também prometeu uma restauração:“Dias virão em que Jacó lançará raízes, florescerá e brotará Israel, e encherão de fruto o mundo” (Is 27.6). A Palavra de Deus é categórica: a terra de Israel só gerará o fruto recompensador quando o povo que biblicamente lhe faz jus ao título e a quem pertence, estiver de posse dela. Do contrário, ficará sem cultivo, vazia e desolada.

       Na realidade, o povo judeu alimenta dentro de si um anseio natural e intenso pela terra de Israel e por Jerusalém, sua amada cidade. O salmista compreendeu esse desejo singular, quase inexplicável, quando escreveu: “Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita” (Salmo 137.5). Por outro lado, os conquistadores muçulmanos não tinham nenhum interesse nem amor pela terra que dominavam. A senhora Peters escreveu que embora aquele território tenha se tornado propriedade islâmica, os árabes que lá viviam “não tinham vontade nem experiência no trabalho agrícola; eles não tinham nenhum interesse ‘no trabalho duro’ nem no cultivo do solo”’.[12] Hal Lindsey, em seu livro intitulado Everlasting Hatred [“Ódio Perpétuo”], fez a seguinte descrição da Terra Prometida sob o domínio dos turcos-otomanos:

"A Terra Santa sofreu mais assolações nos quatrocentos anos de domínio turco-otomano do que nos mil e quinhentos anos anteriores. Por volta do século XIX, o antigo canal e os sistemas de irrigação foram destruídos. A terra estava estéril e cheia de brejos infestados de transmissores de malária. Os morros estavam completamente devastados, sem árvores e sem mata, de modo que toda a camada superior e arável do solo, bem como os terraços, já tinham sofrido erosão, restando somente a camada pedregosa.[13]"

       As coisas estavam tão ruins que a maioria dos muçulmanos ficou feliz por vender sua terra a qualquer pessoa que pudesse pagar os pesados impostos. Em 1901 foi instituído o Jewish National Fund [i.e., Fundo Nacional Judaico]. Esse fundo começou com a coleta de dinheiro no mundo todo, a fim de comprar a terra que estava nas mãos dos usurpadores muçulmanos e torná-la acessível à população judaica nativa e a muitos imigrantes judeus que quisessem fazer da Palestina – a antiga Terra Prometida – novamente o seu lar. Golda Meir, que junto com seu marido foi uma das pioneiras a chegar àquela terra em 1921 e que, posteriormente, se tornou primeira-ministra de Israel, escreveu:

"As únicas pessoas que talvez pudessem se encarregar do serviço de drenagem da região pantanosa do Emek [o vale de Jezreel] eram os pioneiros altamente motivados do movimento Sionistas Trabalhistas, que estavam preparados para recuperar a terra a despeito da dificuldade das circunstâncias e apesar do risco para a vida humana. Além do mais, eles estavam prontos a realizar aquela obra por si mesmos, em vez de empreendê-la através da contratação de trabalhadores árabes supervisionados por administradores agrícolas judeus.[14]"
“Já estou muito cansada de ouvir alegações de que os judeus ‘roubaram’ a terra dos árabes na Palestina. A verdade dos fatos é bem diferente. Muito dinheiro de boa procedência foi dado em pagamento pela terra e a realidade é que muitos árabes ficaram riquíssimos. Naturalmente houve outras organizações [além do Jewish National Fund (JNF) – “Fundo Nacional Judaico”] e inúmeros indivíduos que também compraram extensões de terra. Entretanto, no ano de 1947, só o JNF – com o dinheiro arrecadado em milhões das famosas ‘caixas azuis’ que se enchiam – já havia comprado mais da metade de todas as propriedades rurais judaicas naquele país. Portanto, acabem ao menos com essa calúnia”. – Golda Meir, no livro My Life.

A falecida primeira-ministra de Israel, Golda Meir.
    À medida que o povo judeu continuou na prática do aliyah (termo hebraico que significa “subir”; imigração) a Israel, ficou evidente o seu amor pela terra. Eles adquiriram áreas estéreis assoladas e instalaram sistemas de irrigação; roçaram o terreno, retiraram as pedras e fizeram o plantio do solo. Além disso, drenaram vales pantanosos, brejos infestados de mosquitos, e os transformaram em terra fértil cultivada. Há 40 anos atrás, quando os israelenses começaram a se mudar para a região de Gush Katif na Faixa de Gaza, os árabes lhes disseram que a terra era amaldiçoada e que nada podia ser colhido daquele solo. Contudo, recentemente, quando os israelenses foram obrigados a deixar aquele território em virtude da política governamental de retirada da Faixa de Gaza, eles já tinham transformado Gush Katif no celeiro de cereais de Israel. Na realidade, esses judeus conseguiram fazer ali o que sempre fizeram: levar o deserto a florescer. Os turco-otomanos muçulmanos deixaram um legado de desolação. Porém, Deus prometera que a terra ficaria desolada até que Seu povo – os filhos de Abraão, Isaque e Jacó – retornassem a ela:

“Portanto, profetiza e dize: Assim diz o SENHOR Deus: Visto que vos assolaram e procuraram abocar-vos de todos os lados, para que fôsseis possessão do resto das nações e andais em lábios paroleiros e na infâmia do povo [...] Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Certamente, no fogo do meu zelo, falei contra o resto das nações e contra todo o Edom. Eles se apropriaram da minha terra, com alegria de todo o coração e com menosprezo de alma, para despovoá-la e saqueá-la. Portanto, profetiza sobre a terra de Israel e dize aos montes e aos outeiros, às correntes e aos vales: Assim diz o SENHOR Deus: Eis que falei no meu zelo e no meu furor, porque levastes sobre vós o opróbrio das nações. Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Levantando eu a mão, jurei que as nações que estão ao redor de vós levem o seu opróbrio sobre si mesmas. Mas vós, ó montes de Israel, vós produzireis os vossos ramos e dareis o vosso fruto para o meu povo de Israel, o qual está prestes a vir” (Ez 36.3,5-8).

     Apesar da opinião do mundo acerca de Israel ser predominantemente anti-semita, a Escritura Sagrada é muito clara: o Deus soberano do universo criou os céus e a terra (Gn 1.1). Ele também criou o povo judeu, como uma nação constituída que nunca existira anteriormente. Além disso, Ele prometeu aos judeus um bem imóvel [um território] que se localiza literalmente no centro do mundo. Israel é uma Terra Prometida a um Povo Escolhido. O relacionamento entre a terra e o povo é simbiótico, ou seja, eles podem existir como entidades distintas, mas somente juntos são capazes de cumprir plenamente tudo o que o Senhor Deus prometeu. 

"Dias virão em que Jacó lançará raízes, e florescerá e brotará Israel, 

e encherão de fruto a face do mundo". (Isaías 27:6)

(Thomas C. Simcox - Israel My Glory)

Via: Chamada

Notas:

1 - Hal Lindsey, The Everlasting Hatred: The Roots of Jihad, Murrieta, CA: Oracle House, 2002, p. 163.

2 - “Sanjak”, publicado no site http://en.wikipedia.org/wiki/Sanjak

3 - Haim Z’ew Hirschberg, “Israel, Land of: History”, publicado na Encyclopaedia Judaica, edição em CD-ROM, 1997.

4 - “Early History, Palestine History”, publicado no site www.palestinefacts.org

5 - Ibid.

6 - Joan Peters, From Time Immemorial (1984); reimpressão, Chicago: J. Kap Publishing, 1993, p. 178.

7 - Ibid.

8 - Ibid., p. 178-179.

9 - Ibid., p. 190-191.

10 - Mark Twain, Innocents Abroad, Electronic Text Center, Biblioteca da Universidade de Virginia, cap. 47, p. 489.

11 - Twain, cap. 46, p. 485.

12 - Ibid., p. 151.

13 - Lindsey, p. 167.

14 - Golda Meir, My Life, Londres: Futura Publications, 1976, p. 63.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Trump reconhece Jerusalém como capital de Israel

     O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (6) que reconhece Jerusalém como capital de Israel e que pediu ao Departamento de Estado que inicie o processo de transferir a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém. "Meu anúncio marca o começo de uma nova abordagem no conflito entre Israel e palestinos", anunciou Trump no início de seu discurso feito na Casa Branca. "Hoje reconhecemos o óbvio". Com o anúncio reafirmo o comprometimento da minha administração com um futuro de paz", disse o presidente. Trump disse que os EUA estão preparados a apoiar uma solução de dois Estados no Oriente Médio, caso os israelenses e palestinos queiram isso. Com o anúncio, Trump cumpre uma promessa feita ainda durante a campanha eleitoral. 

      Atualmente, a Embaixada dos EUA em Israel fica em Tel Aviv, e sua transferência pode ser vista como um reconhecimento da ocupação e da soberania de Israel sobre toda a cidade de Jerusalém. Os palestinos querem Jerusalém Oriental como capital de seu futuro Estado, e a comunidade internacional não reconhece a reivindicação israelense sobre a cidade como um todo. Sua decisão também faz com que o "Jerusalem Embassy Act", adotado pelo Congresso Americano em 1995, não seja mais adiado, como vinha sendo feito nas últimas duas décadas, sob justificativa de "interesses de segurança nacional". Em junho, o próprio Trump prorrogou a lei por mais seis meses.


Comunicado

      
      Trump passou o dia de terça-feira (4) telefonando para vários lideres árabes para dizer que tinha a intenção de transferir a embaixada americana em Israel a Jerusalém. O presidente palestino, Mahmoud Abbas, o Rei Abdullah da Jordânia e o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi argumentaram com o mandatário americano que a decisão unilateral pode desencadear ainda mais turbulência na região. Trump notificou Abbas sobre "suas intenções de mover a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém", afirmou o porta-voz do presidente palestino, Nabil Abu Rdainah. Abbas, em resposta, "alertou para as consequências perigosas que tal decisão teria no processo de paz e também para a paz, segurança e estabilidade na região e no mundo", e também apelou para que o Papa Francisco, os líderes da Rússia, da França e da Jordânia intervenham na questão.

Alerta


       O alerta de Abbas, no entanto, não foi o único feito a Trump. O presidente egípcio alertou Trump contra "medidas que prejudiquem as chances de paz no Oriente Médio". O comunicado da presidência afirma ainda que al-Sisi "afirmou a posição do Egito de preservar o status legal de Jerusalém dentro do âmbito de referências internacionais e resoluções relevantes da ONU". O rei da Jordânia advertiu Trump que tal medida teria "graves consequências na estabilidade e segurança da região" e iria obstruir os esforços norte-americanos de retomar as negociações de paz entre palestinos e israelenses, segundo comunicado do ministério das Relações Exteriores jordaniano. A decisão fomentará a violência e não contribuirá para o processo de paz, alertou a Jordânia, que é guardiã dos lugares santos muçulmanos de Jerusalém. A posição jordaniana também foi comunicada pelo ministro do país, Ayman Safadi, em uma conversa telefônica com seu homólogo americano Rex Tillerson. Ainda na terça-feira, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse ao líder americano que o status de Jerusalém é "uma linha vermelha" para os muçulmanos. Erdogan ameaçou ainda ameaçou romper as relações diplomáticas com Israel caso o governo americano transferisse sua representação diplomática. "Senhor Trump, Jerusalém é uma linha vermelha para os muçulmanos. É uma violação da lei internacional tomar uma decisão apoiando Israel enquanto as feridas da sociedade palestina ainda estão sangrando", completou Erdogan.

Promessa


      Trump prometeu, durante a campanha presidencial de 2016, que iria transferir a embaixada para Jerusalém, como uma forma de satisfazer a base pró-Israel de direita que o ajudou a conquistar a presidência. O ministro da Inteligência de Israel, Israel Katz, se encontrou na semana passada com funcionários americanos em Washington, e disse à Rádio do Exército de Israel: "Minha impressão é de que o presidente vai reconhecer Jerusalém, a eterna capital do povo judeu por 3.000 anos, como a capital do estado de Israel." Já sobre uma eventual onda de violência desencadeada pela eventual decisão de Trump, Katz foi categórico ao dizer que Israel estava pronta para todas as opções.

Controvérsia


      O status de Jerusalém é considerado um dos maiores obstáculos nas negociações de paz entre Israel e Palestina. A cidade foi anexada por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, que considera a cidade como capital indivisível. Na época, a decisão contrariou recomendações do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral das Nações Unidas. Já os palestinos consideram Jerusalém Oriental, atualmente controlada por Israel, como a capital de seu futuro estado. Jerusalém é considerada um local sagrado pelos judeus, muçulmanos e cristãos.

Via: G1