segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O Códex Vaticano e o final "estendido" de Marcos

      O Vaticano digitalizou e disponibilizou na internet uma edição da Bíblia datada do século 4º d.C.. Trata-se do manuscrito conhecido como Códex Vaticano, talvez seja o mais antigo uncial em velino ou em pergaminho (325-350), sendo uma das mais importantes testemunhas do texto do Novo Testamento. "Foi desconhecido dos estudiosos bíblicos até depois de 1475, quando foi catalogado na Biblioteca do Vaticano. Foi publicado pela primeira vez em 1889-1890 em fac-símile fotográfico. Contém a maior parte do Antigo Testamento grego (LXX), o Novo Testamento grego e os livros apócrifos, com algumas omissões."[1] O texto foi, provavelmente, produzido no Egito e está guardado na Biblioteca do Vaticano desde o século XV. O manuscrito tem 759 folhas de velino escritas em letras unciais. A peça é famosa e tem importância histórica por ser considerada como uma das edições da Bíblia mais próxima do original. O manuscrito é um instrumento de trabalho para muitos estudiosos e pesquisadores católicos. Interessados em conhecer o Códex Vaticano podem acessar o site da Biblioteca do Vaticano pelo link digi.vatlib.it.
       A grande questão porém, está no fato de que o Códex Vaticano e o Códex Sinaítico, que são os manuscritos mais antigos e mais confiáveis, não fazerem menção há alguns versículos encontrados nas atuais traduções e, devido a esse problema alguns tem levantado dúvidas e questionamentos quanto a autenticidade dos textos que temos em mãos. A principal ausência é verificada no livro de Marcos, quando Jesus ressuscitado teria dito aos discípulos para espalharem a mensagem do Evangelho por todo o mundo.
“E disse-lhes: “Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados”. Marcos 16:15-18.
       Em relação ao final "estendido" de Marcos, o comentário Bíblico de Beacon traz a seguinte informação:

       "Esses últimos versículos apresentam o que se chama de “um dos maiores problemas textuais do Novo Testamento”. Os fatos são os seguintes: Os dois manuscritos mais antigos e mais confiáveis (Vaticano e Sinaítico) omitem totalmente estes versículos, e encerram o Evangelho de Marcos em 16.8. Estes versículos também não aparecem em vários outros antigos manuscritos e também em algumas versões. Vários patriarcas da Igreja Primitiva confirmam essa omissão, inclusive o grande historiador da igreja, Eusébio, e Jerônimo, o tradutor da Vulgata. Além disso, o comentário mais antigo que existe sobre Marcos termina em 16.8. Ainda outras evidências poderiam ser apresentadas, inclusive o fato de Mateus e Lucas, que também incluem quase todo o Evangelho de Marcos, não usarem esses versículos da maneira como foram registrados aqui."
E continua:

      "Outro fato, não evidente na versão King James em inglês, também deveria ser observado. Um manuscrito latino e vários manuscritos gregos incluem um “final abreviado” (além dos versículos 9-20, o chamado “final alongado”) entre os versículos 8 e 9. Acredita-se que estes “finais” tenham sido tentativas primitivas - não da autoria de Marcos - de completar o Evangelho. Seria um erro muito grave acrescentar alguma coisa à Bíblia, da mesma forma que o seria retirar alguma coisa dela (Ap 22.18-19). Alguns estudiosos acreditam que Marcos pretendia encerrar sua mensagem com o versículo 8, não com uma observação de temor, mas com uma de admiração. Mas a maioria deles, entretanto, acredita que esse final abrupto no versículo 16.8 significa que o verdadeiro final do antigo manuscrito estava danificado, e, portanto, perdido, ou que Marcos foi impedido de completar seu Evangelho talvez por causa do martírio." [2] 
        
       "A omissão desses textos que não aparecem no Códex Vaticano não é nenhuma novidade. Além desses versículos, também faltam nesse Códice: Gênesis 1.1-46.28; 2Reis 2.5-7,10-13; Salmos 106.27-138.6, bem como Hebreus 9.14 até o fim do Novo Testamento."[3] Marcos 16.9-20 e João 7.58-8.11 são os textos mais debatidos. 

         Grandes eruditos Bíblicos já apontaram essas diferenças desde a época de sua publicação entre os anos de 1889 e 1890. As traduções atuais trazem esses textos entre colchetes assim como 1Jo 5.7, com as devidas notas de rodapé. O que devemos observar é que esses versículos não foram tirados das atuais versões porque não confrontam nem ferem nenhuma doutrina Bíblica, ou seja, mesmo se fossem retirados, a doutrina cristã não sofreria nenhum tipo de prejuízo. E mesmo que essas passagens não estivessem nos originais não contradizem ou confrontam nenhuma doutrina que não esteja bem embasada de forma cristalina em outra passagens. O que pode ter ocorrido, é que algum cristão piedoso, por considerar o final de Marcos muito abrupto, se baseou em outras partes do Novo Testamento, para dar um final mais harmonioso ao texto, conforme podemos observar no seguinte esboço:

   Marcos 16.9-11 são uma versão condensada de João 20.11-18.

   Marcos 16.12-13 fazem um resumo de Lucas 24.13-35 (a caminhada para Emaús).

   Marcos 16.14-15 lembram Lucas 24.36-49 e Mateus 28.16-20.

   Marcos 16.17-18 a maioria dos sinais aqui descritos encontra paralelos em Atos.

   Marcos 19-20 Cf. Atos 1.9-11.
         
       Não há motivos para pensar que há erros nas Sagradas Escrituras, isso é natural e pertinente em um texto antigo a qual nós não temos os originais. Isso mostra a necessidade da crítica textual para a construção de um texto o mais fiel possível aos originais. 

Paz á todos que estão em Cristo Jesus.

Prof. Saulo Nogueira   

Referência Bibliográfica:
[1] Geisler, Norman L; Nix, Willian. Introdução Bíblica. Como a Bíblia chegou até nós.
[2] Comentário Bíblico Beacon versículo por versículo.
[3]Ibid. [1]

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Testemunho do irmão de dois cristãos coptas mortos pelo EI ("Estado Islâmico") na Líbia

       "Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;" (Mateus 5:44)       

     Realmente impressionante o testemunho de Beshir, irmão de dois dos 21 cristãos coptas assassinados pelo Estado Islâmico. Ouça e veja o poder do evangelho habilitando o homem para orar por seus perseguidores, abençoando aqueles que os amaldiçoam. Só a Graça de Deus pode fazer isso.


Verdades Bíblicas para meditação sobre o martírio dos 21 cristãos pelo Estado Islâmico.


1. Os cristãos serão perseguidos, alguns martirizados. [Jo 15:18-20, 16:2]
2. Os cristãos martirizados são vencedores. [Ap 2:10, Rm 8:35-37, Mt 5:10-12, At 5:41, Hb 10:34, Ap 12:11]
3. Os cristãos devem orar pelos nossos irmãos que sofrem em todo o mundo para que Deus os sustentem. [Mt 14:13, Rm 12:15, Hb 13:3]
4. Os cristãos devem orar pela salvação daqueles fazem tão grande mal. [Mt 5:44, Rm 12:14]
5. Os cristãos devem aguardar e clamar pelo justo juízo de Deus [Sl 33:1058:10-11, Rm 12:10, II Ts 1:6-8, Ap 6:9-11]

Pastor Rob Bell diz que igrejas estão a um passo de aceitar o casamento gay: “Sou a favor do amor”

      O pastor e escritor Rob Bell afirmou que as igrejas evangélicas estão a um passo de abraçarem o casamento gay nos Estados Unidos, e que ele crê que esse seja “o momento” para isso. A afirmação do ex-líder da megaigreja Mars Hill Bible Church, em Michigan, foi feita em uma entrevista à apresentadora Oprah Winfrey.
      Ao lado de sua esposa, Kristen, Rob Bell foi ao talk-show de Oprah para falar sobre o lançamento de seu novo livro, The Zimzum of Love: A New Way of Understanding Marriage (ainda sem título em português, mas que pode ser traduzido como “A dinâmica do amor: A nova maneira de entender o casamento”).
       A apresentadora comentou, durante o enunciado de uma pergunta ao pastor, que achava fantástico que ele tivesse incluído a união de pessoas do mesmo sexo como um dos exemplos do livro, e questionou o motivo de ele ter optado por falar sobre um tema tão controverso.
         Bell, que se manifestou favorável ao casamento gay em 2013, disse que uma das piores coisas que pode acontecer a um ser humano é a falta de companhia: “Uma das mais antigas dores nos ossos da humanidade é a solidão. Solidão não faz bem ao mundo. Seja você quem for, gay ou hétero, é totalmente normal, natural e saudável querer alguém com quem passar a vida. É fundamental para a nossa humanidade. Queremos alguém para com quem fazer a viagem [da vida]”, argumentou.
       Diante dessa resposta, Oprah questionou Bell sobre sua visão do estágio de aceitação do casamento gay pelas igrejas evangélicas. E o pastor disse que o tema está “evoluindo” nas denominações.
       “Muitas pessoas já estão lá. Achamos que é inevitável e estamos a momentos de distância da aceitação da Igreja”, disse Rob Bell, que acrescentou que a seu ver, a igreja irá “ser ainda mais irrelevante” se continuar a rejeitar a homossexualidade.
       “Eu sou defensor do casamento. Sou a favor da fidelidade. Sou a favor do amor, se é um homem e uma mulher, uma mulher e uma mulher, um homem e um homem. Eu acho que o navio já partiu e eu acho que isso é uma necessidade da igreja. Eu penso que este é o mundo em que estamos vivendo e temos de alcançar as pessoas onde quer que estejam”, afirmou, segundo informações do Christian Headlines.
Nota do Blog: Esse é o resultado do Liberalismo Teológico. Pastores e igrejas, na ânsia de conseguir novos membros, tem relativizado o ensinamento das Escrituras e permitido que as doutrinas básicas do Cristianismo sejam interpretados de acordo com as regras da sociedade moderna. Triste ver pastores de Mega igrejas, como Rob Bell, escritor muito lido entre os evangélicos, sucumbir á tentação de se adequar aos moldes ditados pela pós modernidade. Pensam que estão contextualizando as Escrituras, mas esse é o primeiro passo para desacreditar as Sagradas Letras e permitir que a igreja mergulhe no Liberalismo em direção a um abismo (queira Deus que não), sem volta.
Prof. Saulo Nogueira.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

O que significa batismo com fogo em Lucas 3.16?

"João respondeu a todos: "Eu os batizo com água. Mas virá alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de curvar-me e desamarrar as correias das suas sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo." (Lucas 3:16) NVI. (grifo meu)
          
      Esse versículo, encontrado nos Evangelhos de Mateus 3.11, Marcos 1.8 e Lucas 3.16, causam uma grande polêmica no meio Evangélico. Alguns defendem que esse batismo é um simbolismo do fogo purificador, que queima o pecado e as impurezas que contaminam o cristão. Outros concluem que esse batismo se refira ao juízo de Deus sobre os ímpios e, consequentemente, não faz referência aos cristãos. Sem querer criar polêmica, mas simplesmente querendo colaborar com o bom diálogo e interpretação, darei minha contribuição nessa questão, baseado na opinião de grandes especialistas, tanto da ala Pentecostal quando da ala Reformada.

       Todo bom estudioso e intérprete Bíblico deve conhecer algumas regras simples e básicas de hermenêutica. E uma dessas regras é que o próprio contexto define o sentido do versículo em questão. Já no começo do capítulo, João Batista se refere a um juízo vindouro de Deus sobre aqueles que praticam todo tipo de impiedade: "João dizia às multidões que saíam para serem batizadas por ele: "Raça de víboras! Quem lhes deu a ideia de fugir da ira que se aproxima?" (Lucas 3:7). A ideia  transmitida por João aqui é de serpentes fugindo de um incêndio numa floresta.

       E acrescenta: "O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo" (Lucas 3:9). Indicando que a punição era iminente.

      Fica claro, já no início do capítulo, que a mensagem de João era direcionada a dois grupos de pessoas: Aquelas que realmente estavam arrependidas e queriam o perdão de Deus e aquelas que se auto-justificavam por crerem que a obediência á Lei e por serem filhos de Abraão era garantia de Salvação: "Dêem frutos que mostrem o arrependimento. E não comecem a dizer a si mesmos: ‘Abraão é nosso pai’. Pois eu lhes digo que destas pedras Deus pode fazer surgir filhos a Abraão." (Lucas 3:8).

      Que existe a necessidade absoluta do crente ser batizado com o Espírito Santo é uma verdade inegável nas escrituras sagradas. Mas pensar que o batismo com o Espírito Santo é o mesmo batismo de fogo é não compreender o significado real do versículo.

       Mas isso não é uma questão de opinião, vejamos o que dizem os especialistas em hermenêutica:

     A Bíblia de Estudo Plenitude, de orientação pentecostal, no texto de Lc 3.16 remete para um comentário de Mt 3.11 como segue:

“O batismo de João é um tipo de experiência de salvação de ser batizado no Espírito. Como o batismo de João colocava o indivíduo dentro da água, o batismo de Jesus coloca o cristão no Espírito, identificando-o como totalmente ligado ao Senhor. O fogo purifica ou destrói. Portanto, a salvação em Jesus Cristo será purificadora para os verdadeiros judeus que o aceitarem como o Messias, e destruidora para aqueles que o rejeitarem.”

       A Bíblia de Estudo Genebra comenta assim a questão do fogo em Lc 3.16: “O batismo com fogo aponta para o juízo (v.9 nota). A pá para limpar sua eira’ é outro símbolo para o juízo (v. 17)...”. 

      A Bíblia de Estudo NVI assim comenta o mesmo texto: “... e com fogo. Aqui, o fogo está associado ao juízo (v.17)...”.

     A Bíblia de Estudo Shedd analisa o texto assim: “... Fogo. O contexto (17) parece exigir o sentido de prova, de  julgamento (Lc 12.39-53; 1 Co 3.13).”  Ainda a mesma Bíblia comenta Mt 3.11 assim: “Com o Espírito Santo e com fogo. Refere-se ao ministério espiritual de Cristo. Sua obra começou acompanhada pela energia sobrenatural do Espírito Santo, colhendo-se algum ‘trigo’ (os fiéis), e revelando-se quem seria ‘palha’ para julgamento. A doutrina do batismo no Espírito Santo não recebe luzes neste trecho, pois o assunto pertence à época posterior à ressurreição de Jesus (1 Co 12.13)".   

    R. N. Champlin, em sua obra “O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo”, relaciona o texto de Lc 3.16 com o comentário de Mt 3.11, como segue: “...Há várias interpretações dessas palavras: 1. Alguns acham que aqui temos dois batismos, um do Espírito e outro de fogo, e que esse último fala de juízo, provavelmente até de inferno. Assim interpretaram Orígenes e outros pais da igreja...alguns bons intérpretes reputam esse batismo de fogo como algo que se refere ao juízo."

       John F. MacArthur na sua Bíblia de Estudo traz a seguinte nota de rodapé: "com fogo". Pelo fato de, nesse contexto, o fogo ser usado como meio de punição (v. 9), isso é provavelmente uma referência a um batismo de castigo sobre os ímpios.

       Charlie C. Ryrie, grande comentarista bíblico, autor da Bíblia de estudo anotada, na versão expandida, traz a seguinte informação:"fogo". Provavelmente uma referência aos julgamentos associados á segunda vinda de Cristo. O batismo com o Espírito Santo ocorreu no dia de Pentecostes, ao passo de que o batismo com fogo se refere aos juízo que acompanharão a segunda vinda de Cristo.


     Lendo a ilustração que o Apóstolo Pedro faz sobre a Vinda de Cristo, conseguimos visualizar o quadro profetizado por João Batista: " Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma Palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios" (2Pe. 3.7). E também o escritor de Hebreus: "Pois o nosso Deus é um fogo consumidor"


      Podemos apresentar ainda outros versículos bíblicos que corroboram com nossa conclusão: no início do Livro de Atos dos Apóstolos, também escrito pelo médico Lucas, vemos Jesus ratificando sua promessa aos seus discípulos fazendo a seguinte declaração:
"Certa ocasião, enquanto comia com eles, deu-lhes esta ordem: "Não saiam de Jerusalém, mas esperem pela promessa de meu Pai, da qual lhes falei. Pois João batizou com água, mas dentro de poucos dias vocês serão batizados com o Espírito Santo". (Atos 1:4,5) 
      Note que pelo fato de Jesus estar se referindo apenas aos seus discípulos ele não faz nenhuma referência à nenhum tipo de batismo de fogo, confirmando a ideia de que este seria somente para os ímpios no fim dos tempos.

       Também no Livro de Atos, quando Pedro se defende diante dos Judaizantes pelo fato de ter levado o Evangelho aos gentios, ele relembra a promessa do Batismo feita por Jesus:
"Quando comecei a falar, o Espírito Santo desceu sobre eles como sobre nós no princípio. Então me lembrei do que o Senhor tinha dito: ‘João batizou com água, mas vocês serão batizados com o Espírito Santo’. (Atos 11:15,16)

     Além disso, podemos traçar um paralelo entre os versículos, para que a conclusão fique ainda mais clara e óbvia:

"... ele vos batizará com os Espírito Santo." ______"... para limpar completamente a sua                                                                                 eira e recolher o trigo no seu celeiro"


"...e com fogo"________________________________  "...porém queimará a palha em                                                                                              fogo inextinguível"



Mas, então por que a referência ao fogo em Atos 2? Não seria o cumprimento da Palavra de João Batista: "com o Espírito Santo e com fogo"?


Vamos ao texto:
"Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente veio do céu um ruído, como que de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. E lhes apareceram umas línguas como que de fogo, que se distribuíam, e sobre cada um deles pousou uma. E todos ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem. (Atos 2:1-4)
       Lucas não disse que as línguas eram de fogo ou que desceu fogo literal do céu, mas que pareciam "línguas como que de fogo". O autor de Atos se utiliza aqui de uma linguagem comparativa, ou seja, uma analogia, para repassar de uma maneira compreensível aquilo que estava além da compreensão humana. Os discípulos não podiam compreender o significado da Vinda do Espírito sem que o Senhor ilustrasse soberanamente com um fenômeno visível o que estava acontecendo. O uso que Deus faz com aparência de fogo aqui é paralelo ao que faz com a pomba quando Jesus foi batizado. (Lc. 3.21-22). Nenhum cristão em sã consciência diz que o Espírito Santo é uma pomba. Além disso, se Atos 2 cumprisse totalmente Lc. 3.16, o próprio autor, que escreveu tanto um quanto o outro faria menção ao cumprimento proposto por João Batista.

Conclusão


       Por mais que haja discordância de alguns em relação ao texto, o sentido mais fluente e natural da narrativa é que o batismo de fogo de Jesus, se refere claramente a uma condenação na Sua segunda Vinda, que não será administrada sobre os cristão, mas sobre os ímpios.

Prof. Saulo Nogueira.

Bibliografia:

Bíblia de Estudo Plenitude;
Bíblia de Estudo de Genebra;
Bíblia de Estudo NVI;
Bíblia de Estudo Shed;
Bíblia de Estudo MacArthur;
Bíblia de Estudo Anotada Expandida;
Champlin; R.N. O Novo Testamento interpretado.



sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Como poderia Deus condenar os sacrifícios humanos em Levítico 18 e 20, mas ordená-los em Gênesis 22, ou pelo menos aceitá-los, como em Juízes 11?

       
       É errado interpretar Gênesis 22.2 como uma ordem emanada de Deus para que Abraão sacrificasse seu filho Isaque num altar. Ao contrário, o Senhor na verdade impediu (mediante seu anjo) que o patriarca matasse seu filho: "Não toque no rapaz", disse o Anjo. "Não lhe faça nada. Agora sei que você teme a Deus, porque não me negou seu filho, o seu único filho." (v. 12). É verdade que o Senhor instruíra Abraão anteriormente para que oferecesse a Isaque em sacrifício (‘ōlāh), e o patriarca sem dúvida alguma entendeu ser aquela uma ordem para que matasse seu filho no altar, porém a questão mais importante era se o pai amorosíssimo estava disposto a apresentar seu unigênito (gerado por Sara) ao Senhor, como prova de sua entrega total. Mas o versículo 12 mostra que Iavé não tencionou jamais que Abraão realizasse um sacrifício humano, matando o próprio filho. Tratava-se apenas de um teste da fé do patriarca.

       Quanto ao episódio da filha de Jefté, em Juizes 11, veja-se o artigo que trata dessa passagem. Há boas razões para crermos que tanto no caso dessa menina quanto no de Isaque (em ambos os casos o termo ‘ōlāh é empregado; cf. Jz 11.31) não houve afinal a morte de um ser humano em "oferta queimada". Em vez disso, a moça foi oferecida e devotada ao serviço do Senhor como virgem para servir no tabernáculo pelo resto de seus dias.

     Levítico 18.21 define o sacrifício de crianças como profanação ao nome de Iavé, o Deus de Israel. Levítico 20.2 prescreve a pena de morte para todo pai que o praticar — de modo particular na adoração a Moloque, que exigia o sacrifício de crianças. Portanto, é indefensável pela lógica a presunção de que Deus esperaria ou aprovaria o sacrifício humano da parte de Abraão, de Jefté ou de quaisquer de seus servos, havendo uma proibição terminante e severa dessa prática na lei de Moisés.

Bibliografia: Archer; Gleason L; Enciclopédia de Temas Bíblicos.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Estado Islâmico vende, crucifica e enterra crianças vivas no Iraque

         A cada dia surgem novas informações sobre o vasto leque de atrocidades cometidas pelos terroristas do Estado Islâmico. Nesta quarta-feira, a ONU denunciou mais barbáries contra crianças iraquianas sequestradas: elas são vendidas em mercados como escravas sexuais e muitas são mortas, crucificadas ou enterradas vivas, segundo o Comitê das Nações Unidas para os Direitos da Criança. Meninos iraquianos menores de 18 anos estão cada vez mais sendo usados pelos jihadistas em ataques suicidas, como fabricantes de explosivos, informantes ou escudos humanos para proteger instalações contra ataques aéreos.
     A agência da ONU denunciou "a matança sistemática de crianças pertencentes a minorias religiosas e étnicas cometida pelo assim chamado Estado Islâmico, incluindo vários casos de execuções coletivas de meninos, assim como relatos de crianças decapitadas, crucificadas e enterradas vivas".
"Estamos profundamente preocupados com a tortura e o assassinato destas crianças, especialmente daquelas que pertencem a minorias, mas não só das minorias", disse Renate Winter, especialista do comitê, em boletim à imprensa. "A abrangência do problema é enorme”.
      Crianças da minoria yazidi ou de comunidades cristãs, e também xiitas e sunitas, têm sido vítimas da selvageria do EI. "Temos tido relatos de crianças, especialmente crianças com problemas mentais, que foram usadas como homens-bomba, muito provavelmente sem sequer entender a situação", declarou a especialista à agência de notícias Reuters. "Foi publicado um vídeo [na Internet] que mostrava crianças de muito pouca idade, aproximadamente 8 anos ou mais novas, já sendo treinadas para serem soldados."
        Um grande número de crianças foi morto ou ficou seriamente ferido durante ataques aéreos ou bombardeios das forças de seguranças iraquianas, e outras morreram de "desidratação, inanição e calor", acrescentou o comitê. Além disso, o Estado Islâmico cometeu "violência sexual sistemática". "Crianças de minorias têm sido capturadas em vários lugares... vendidas no mercado com etiquetas, etiquetas de preço nelas”, disse Renate Winter.
       Um relatório elaborado por dezoito especialistas independentes pede às autoridades iraquianas que adotem todas as medidas necessárias para "resgatar as crianças" sob controle do grupo terrorista e processar os criminosos.
Queimado vivo – O Estado Islâmico divulgou nesta terça-feira um novo vídeo macabro mostrando o piloto jordaniano Moaz Kesasbeh sendo queimado vivo dentro de uma jaula. Ele foi levado pelos terroristas no final de dezembro, depois que o avião que pilotava caiu na região de Raqqa, na Síria. Antes do piloto, os jihadistas haviam decapitado vários reféns, incluindo dois japoneses executados em janeiro.
Via: VEJA

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Havia filisteus na Palestina na época de Abraão?

       
       Gênesis 20 relata a viagem de Abraão a Gerar, onde ele apelou para a mentira sobre seu verdadeiro relacionamento com Sara, a fim de livrar-se do perigo de ser assassinado, caso viessem a saber que ela era sua esposa. O capítulo 21 registra o episódio em que ele assegura os direitos de propriedade do poço de Berseba. A seguir, lemos: "Firmado esse acordo em Berseba, Abimeleque e Ficol, comandante das suas tropas, voltaram para a terra dos filisteus" (v. 32). Em Gênesis 26.1, somos informados de que "Isaque foi para Gerar, onde Abimeleque era rei dos filisteus". (Podemos presumir com segurança que, tendo havido um intervalo de mais de sessenta anos entre os capítulos 21 e 26 [cf. 25.26], o Abimeleque mencionado em 26.1 era filho ou neto do outro cujo nome herdara, costume freqüente entre os nobres das dinastias egípcias e fenícias.)

       Essas referências aos filisteus como existentes antes de 2050 a.C. (no caso de Abraão) têm sido consideradas impossíveis por muitos estudiosos. A Encyclopaedia Britannica (14a ed., s.v. "Filistia") declara categoricamente: "Em Gênesis 21.32, 34 e Êxodo 13.17; 15.14; 23.31, as referências à Filistia e aos filisteus são anacrônicas". A base dessa assertiva encontra-se na circunstância de que até o presente momento, pelo menos, a mais antiga referência a filisteus nos registros egípcios encontra-se nos relatos de Ramesés III, com respeito à sua vitória sobre os "povos do mar" numa batalha naval travada no rio Nilo em 1190 a.C. Supõe-se que depois de os P-r-s-t (como os egípcios grafavam o nome deles) e seus aliados terem sido expulsos pelo faraó, retiraram-se para a região costeira da Palestina e ali se estabeleceram permanentemente como colônia militar. Entretanto, não se pode concluir, a partir desse mero fato, e que as referências mais antigas aos filisteus nos registros egípcios (que datam de mais ou menos 1190 a.C.) constituem prova objetiva de que jamais houve imigrantes filisteus de Creta, na Palestina, em tempo algum, antes dessa data; tal conclusão seria violação irresponsável da lógica.

       As Escrituras Sagradas constituem o registro mais digno de confiança, mais que os documentos arqueológicos, visto que aquelas estão investidas da confiança divina do princípio ao fim e afirmam com toda a clareza que os filisteus moravam na Filistia pelo século XXI a.C. Afirmam também as Escrituras que as fortalezas filistinas que guardavam a rota do norte do Egito para a Palestina eram tão poderosas nos dias mosaicos (em 1140 a.C), que o caminho mais seguro para os israelitas em sua jornada para a Terra Prometida era o do sul (Êx 13.17). É óbvio que esse registro feito por Moisés foi composto séculos antes do de Ramsés III, não havendo razão para supor-se que, quanto mais antigo for um documento, menos digno de confiança deve ser. (Até recentemente usava-se o argumento do silêncio por alguns críticos para desacreditar as referências em Gênesis 18 e 19 a Sodoma e Gomorra, que teriam sido meras lendas destituídas de historicidade. Agora, depois de terem sido descobertas as tabuinhas de Ebla, datadas do século XXIV a.C., que contêm informações sobre o relacionamento comercial de ambas as cidades com Ebla, aquele argumento contrário tornou-se absurdo. G. Pettinato ["BAR Interviews Pettinato", p. 48], a respeito de referências a Si-da-mu e a I-ma-ar). De novo se comprovou que o argumento baseado no silêncio é enganoso. As cinco principais cidades dos filisteus, ou pelo menos aquelas que foram escavadas, demonstram igualmente a existência de uma ocupação que se estende até os tempos dos hicsos, e mesmo antes. 

        O nível mais antigo descoberto em Asdode é com toda certeza, do século XVII a.C. (cf. H. F. Vos, Archaeology in Bible lands [Chicago, Moody, 1977], p. 146). Selos encontrados em Gaza trazem os nomes da décima segunda dinastia de reis do Egito, como Amenemhat III (ibid., p.167). Daí não pode haver dúvida de que essa área foi ocupada por reinos poderosos antigos na era dos patriarcas. É possível que suas populações tenham sido pré-filistéias, mas não existe prova disso. A costa sul da Palestina com toda certeza teria sido uma região favorável ao comércio e ao estabelecimento definitivo dos povos, no que diz respeito à população cretense. As Escrituras referem-se aos filisteus como pertencentes a vários grupos, como os caftoritas, os queretitas e os peletitas. As atividades comerciais de Creta Minoana teriam sido intensas; seus marinheiros teriam descoberto ainda antes do tempo de Abraão que o litoral filisteu era dotado de clima ameno, solo rico e dadivosas chuvas para as colheitas de cereais. Aparentemente emigraram para lá em levas sucessivas, mais ou menos da forma como os dinamarqueses emigravam para a costa leste da Inglaterra ao longo de um período de séculos até que "Danelaw" alargou-se a ponto de cobrir toda a região da fronteira escocesa até a própria Londres. As migrações das populações que saem de sua terra natal, atravessando mares, são um fenômeno freqüente por toda a história do mundo; por isso, não deveria causar surpresa a migração contínua dos povos cretenses e sua fixação ao longo de vários séculos, a partir da época anterior a Abraão até o período da expedição naval fracassada contra o Egito, no início do século XII a.c. Portanto, podemos concluir que não existem evidências verdadeiramente científicas para que se classifiquem as referências aos filisteus no Pentateuco como destituídas de veracidade histórica ou anacrônicas.

Bibliografia: Archer; Gleason L. Enciclopédia de Temas Bíblicos

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Entrevista com Dr. Marcos Eberlin sobre o Design Inteligente

Dr. Marcos Eberlin - Unicamp 
Diretor executivo da Sociedade Brasileira de Design Inteligente, membro da Igreja Batista, explica a teoria que tem desafiado a hegemonia evolucionista.

       Alguns acreditam que faltava um cientista para liderar o movimento do Design Inteligente no Brasil que tivesse trânsito e respeito no meio acadêmico. Faltava. A teoria que enxerga planejamento na natureza em oposição ao acaso evolucionista, tem agora na figura do químico Marcos Eberlin seu porta-voz oficial [olha o currículo do cara]. Eberlin foi escolhido como diretor executivo da recém-criada Sociedade Brasileira do Design Inteligente, num encontro inédito realizado em novembro, em Campinas, SP, do qual participaram mais de 300 pesquisadores. Gente de peso que decidiu dar a cara e o currículo Lattes a tapa num ambiente profissional que considera apostasia questionar o paradigma evolucionista.

        Marcos Eberlin, assim como os demais pesquisadores, está ciente do “vespeiro” em que está entrando. Ele tem 55 anos, nasceu em Campinas, SP, e estudou a vida inteira – da graduação ao doutorado em Química – na Unicamp. Ali ele é professor titular e coordena o Laboratório ThoMSon de Espectrometria de Massas, área de sua especialização num pós-doutorado nos Estados Unidos. É membro da Academia Brasileira de Ciências, tem recebido vários prêmios, orientou mais de 150 pesquisas acadêmicas e publicou outros 650 artigos científicos. Currículo não lhe falta, e coragem também não. Nesta entrevista, concedida ao jornalista Michelson Borges, ele explica os pilares da TDI, suas semelhanças e diferenças com relação ao criacionismo e por que, apesar de enxergar sérias falhas na teoria da evolução, acredita que o ensino sobre ela ainda não deve ser substituído nas aulas de ciências.

Quais foram os objetivos do evento e a que se propõe a Sociedade?

        A TDI Brasil – Sociedade Brasileira de Design Inteligente – pretende, como seu alvo maior, reunir toda a comunidade científica brasileira de “inteligentistas” para que juntos conheçam melhor a teoria e seus fundamentos, e se organizem para divulgar e defender a TDI com conhecimento de causa e o suporte da entidade. O congresso, portanto, foi o pontapé inicial para a formação dessa comunidade de cientistas e profissionais, que está disposta a divulgar a teoria por meio de palestras e da mídia em geral. Fizemos isso porque entendemos que as evidências científicas, em várias áreas da ciência, comprovam hoje o design inteligente como a melhor inferência sobre as origens.

Mais de 300 pesquisadores e acadêmicos se filiaram à Sociedade. O que isso revela, no contexto da controvérsia envolvendo a TDI e o evolucionismo?

        Temos cerca de 350 membros e o número não para de crescer. Queremos ser mil em um ano; 5 mil em cinco anos. Isso revela que há uma grande decepção quanto à eficácia do modelo naturalista para nossas origens; e que os dados estão mostrando a todos a insuficiência dos mecanismos com base em processos naturais não guiados – como o big bang e a evolução química e darwiniana – para formar o Universo e a vida com toda sua complexidade.

No fim do congresso, foi votado um manifesto. O que ele diz?

        O manifesto apresenta diretrizes muito serenas, justas e honestas de como deve ser, segundo a TDI Brasil (e na conjuntura atual, o que significa que podemos mudar nossa opinião no futuro), o ensino da teoria da evolução (TE), da TDI e do criacionismo nas escolas. Decidimos que vamos fomentar a discussão sobre essas teorias no fórum adequado: pela via acadêmica. Não no congresso, nem na justiça, ou no MEC, ou em sala de aula, mas por meio do debate desse tema em eventos e publicações científicas.

       A TDI Brasil defende, portanto, alguns pontos de vista muito importantes, que posso resumir assim: (1) que se ensine somente ciência em aulas de ciência; (2) que, ao se decidir pelo ensino de uma teoria, como a da evolução, que se explique essa teoria com toda a honestidade científica possível; (3) que a melhor inferência científica hoje sobre nossas origens não é a TE, mas sim a tese apresentada pela TDI, mas que seu ensino não pode ainda ser recomendado pelas razões expostas no nosso manifesto; (4) que se discuta o que é ciência e o que ensinaremos em sala de aula somente no meio científico. Com base nesses princípios, estaremos em breve submetendo uma carta às sociedades e aos periódicos científicos brasileiros defendendo o ensino da TDI.

         Quanto ao criacionismo religioso/teológico, como, por exemplo, o criacionismo bíblico, entendemos que não deva ser ensinado em aulas de ciência, pelo princípio número 1, ou seja, somente ciência em aulas de ciência. E por quê? Porque criacionismo não é ciência, pois parte de pressupostos religiosos. O criacionismo, inclusive, faz inúmeras afirmações que a ciência não tem como verificar, tais como a existência de seres imateriais como anjos, demônios; que a criação se deu através de Adão e Eva no Éden; além disso, define o Designer, Sua intenção ao criar o mundo e afirma quanto tempo Ele gastou na criação.

Ou seja, o criacionismo bíblico, para ser bem estudado, debatido e entendido precisa ser visto não só pelas lentes da ciência, mas à luz da filosofia e da teologia, outras importantíssimas áreas do saber humano.

        Isso mesmo. O criacionismo é muito mais abrangente do que a ciência, limitada pelo seu empirismo, e não pode então ser confinado à ela. Que essa discussão se faça, então, no local devido, em aulas de filosofia e teologia, por exemplo, nas quais evidências científicas, teológicas e filosóficas possam ser debatidas conjuntamente.

E o que seus pares evolucionistas na academia pensam da TDI?

        Eles desconhecem a TDI e a maioria só repete o que ouve falar dos nossos opositores, que somos, por exemplo, religião disfarçada de ciência. Mas os que se propõem a ler e estudar a TDI percebem logo que se trata de uma teoria séria, que se baseia nos dados mais recentes e que faz ciência na sua mais pura essência, optando pela força das evidências.

Fale um pouco mais sobre as semelhanças e as diferenças entre a TDI e o criacionismo.

         A TDI é o estudo científico de padrões na natureza que revelam a ação de uma mente inteligente. É a ciência que se propõe a determinar como, ao nos deparar e analisar um efeito no Universo e na vida, estamos racionalmente e cientificamente autorizados a inferir que esse efeito tem como causa mais provável duas opções: a ação de processos naturais não guiados ou a de uma mente inteligente. Ou seja, a TDI é muito diferente do criacionismo bíblico, pois não parte do pressuposto de que a Bíblia tem razão e não faz ciência para comprovar uma tese pré-estabelecida. A grande semelhança é que algumas teses do criacionismo bíblico, no que a ciência pode investigar, são as mesmas que a TDI elabora com os dados científicos a que ela tem acesso, e é isso que nos leva a ser tão “intragáveis” pelo setor da academia formado por naturalistas ateus.

Quais são os principais argumentos da TDI em favor do design inteligente?

São argumentos – três pilares – fundamentados em características da ação de uma mente inteligente, detectáveis pela ciência:

1. Complexidade funcional irredutível. Quando agentes inteligentes executam ações com propósito, eles são capazes de criar sistemas que combinam – de uma só vez – várias partes distintas. Essas partes, ao estarem todas ao mesmo tempo disponíveis, são conectadas com exatidão e sincronia, e contribuem todas para o objetivo final. Enquanto sozinhas, elas entrariam em colapso. Na montagem de um sistema de alta complexidade funcional, agentes inteligentes são capazes de planejar com maestria e genialidade função, ordem, tempo e intensidade de cada parte, formando assim um balé perfeito e sincronizado, conforme arquitetado virtualmente na mente do agente inteligente desde o início.

2. Informação funcional e aperiódica, arbitrária. Tudo indica que – ou teríamos prova do contrário? – somente um agente inteligente teria a capacidade de estabelecer o teor inacreditavelmente absurdo e quase imensurável de informação codificada, criptografada, zipada e aperiódica, não repetitiva e não regida por leis ou padrões, que sabemos hoje existir nos genomas (DNA) de todos os organismos vivos.

3. Antevidência genial. Somente agentes inteligentes conseguem antever problemas futuros e preparar seu sistema para superar os entraves mortais (dead ends), que eles preveem na montagem de seus sistemas ainda na fase do projeto! Por definição, processos naturais acéfalos e não guiados são totalmente desprovidos dessa capacidade. Mas a montagem da vida e do Universo apresenta inúmeros exemplos de dead ends que foram evitados com antevidência genial!

Quais são seus planos, como diretor executivo da Sociedade, no sentido de promover mais as atividades da entidade no Brasil?

        Os planos ainda estão sendo traçados, mas queremos fazer crescer a Sociedade, e incentivar as adesões à TDI Brasil. Na página da Sociedade, vamos divulgar artigos científicos que confirmam a TDI. Vamos promover ações para que o ensino da evolução seja honesto, e que sejam retirados de livros didáticos mitos e fraudes que aparecem neles como provas da TE. Queremos promover encontros regionais e que membros da entidade passem a dar palestras pelo país.

O movimento do design inteligente vem ganhando terreno no exterior, principalmente nos EUA. Existem diferenças entre a maneira de divulgar a TDI lá e aqui?

       Aqui fomos mais corajosos e mostramos nossa cara, nossos currículos e nossas fotos. Eles por lá ainda estão “voando abaixo do radar”; a maioria deles por causa da perseguição que sofrem a la“Expelled”. Por aqui achamos que é hora de ir à luta e promover o bom combate, com debates de teses.

Além de teórico do design inteligente, você é cristão. Como vê, num contexto bíblico, toda essa controvérsia relacionada às origens?