quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

O verdadeiro Natal

       Sem dúvida, o Natal é a data mais festejada do cristianismo. Nem mesmo os ateus conseguem fugir do Natal, e de uma ou outra maneira são confrontados com essa festa. Mas até que ponto conseguimos realmente compreender o significado do Natal? Em pensamentos sempre lembramos da estrebaria e da criança na manjedoura. Mas esse é apenas um dos fragmentos visíveis do que aconteceu naquela ocasião. O Natal é muito mais. Ele é a primeira ligação entre o céu e a terra. Trata-se de um encontro da glória invisível de Deus com a nossa existência humana. O eterno e poderoso Deus, uma personalidade que não pode ser compreendida pelo nosso raciocínio, um poder que não pode ser expresso em palavras, enviou o Seu Filho Jesus para a terra. Cristo, o Filho de Deus, teve de tornar-se homem!

       Certamente Deus poderia ter agido de outra maneira. Ele poderia ter dado uma aparência sobre-humana a Seu Filho, como a um anjo, enviando-O para a terra. Mas assim Jesus não ter-se-ia tornado homem, e Ele também seria sempre visto somente como um ser sobrenatural. Jesus tornou-se homem. Ele começou a Sua vida como todos nós: Ele nasceu num mundo perdido. Ele não teve nenhum lar seguro, pois pobreza, inquietação e fuga caracterizaram os primeiros dias da Sua vida. Com Ele aconteceu exatamente o mesmo que ocorre a milhões de pessoas em nossos dias. Jesus foi homem como nós. Esta é a verdade sóbria do Natal. Mas a mensagem do Natal é o esplendor da glória de Deus que paira sobre todos esses acontecimentos. Embora Jesus tivesse se tornado homem, Sua verdadeira glória não pôde permanecer oculta. Até os magos do longínquo Oriente reconheceram: lá em Belém nasceu alguém que é mais que simples homem! Eles O procuraram e tiveram um encontro com Jesus. O Natal é o convite de Deus a nós seres humanos: venham, vejam meu Filho! O verdadeiro encontro com Jesus, o verdadeiro Natal, também fez com que os magos do Oriente mudassem os seus planos de viagem: 
"Sendo por divina advertência prevenidos em sonho para não voltarem à presença de Herodes, regressaram por outro caminho a sua terra" (Mt 2.12). 
       O encontro com Jesus protegeu-os de um novo encontro com o Seu adversário. O Natal também é uma ordem de Deus a nós: siga por outro caminho! O grande perigo em relação ao Natal está na tradição exterior. Brilho de luzes e cânticos de Natal não fazem o Natal. Ele somente torna-se uma festa verdadeira se encontrarmos Jesus de verdade e se por meio disso ocorrer uma mudança no rumo da nossa vida. O encontro com Jesus abre os nossos ouvidos interiores para a exigência do Altíssimo: siga por outro caminho! Estamos dispostos a obedecer ao que Deus nos ordena?

Feliz Natal à todos que estão em Cristo Jesus.
Prof. Saulo Nogueira

 (Peter Malgo - http://www.ajesus.com.br)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Curiosidades sobre o o Anticristo

Mark Hitchcock

      “Muitas pessoas crêem que a grande final do jogo milenar já começou. À medida que a civilização se apressa em direção ao seu destino final, o aparecimento de um poderoso governante mundial é inevitável. A questão extrema que nossa geração enfrenta é saber se ele já está vivendo e passando bem, e se movendo em direção ao poder”. Ed Hindson, (“O Anticristo Está Vivo e Passa Bem?”) 
Por que atualmente existe tanto interesse e tanta especulação sobre o Anticristo?
        Há algum tempo ouvi uma história sobre dois Testemunhas de Jeová, que estavam indo de porta em porta e esperando pela oportunidade de falar com as pessoas sobre a visão deles. Chegaram à porta de um homem que os convidou para entrar e pediu que se sentassem na sala de visitas enquanto ele cuidava de alguma coisa lá no quarto dos fundos. Depois de alguns minutos, o homem voltou para a sala de visitas e disse: “Bem, e sobre o que era que vocês queriam falar comigo?” Surpresos, os dois Testemunhas de Jeová se entreolharam. Então, um deles disse:“Não sabemos. Nunca chegamos tão longe antes”.
     Esta é uma ilustração bem precisa sobre onde as pessoas se encontram hoje, com relação ao futuro: Nunca chegamos tão longe antes. Em Romanos 13.11-12, lemos:
E digo isto a vós outros que conheceis o tempo: já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto do que quando no princípio cremos. Vai alta a noite, e vem chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz”.
       Está ficando cada vez mais claro para muitos que este mundo está chegando a um final e as pessoas estão fazendo perguntas sobre o futuro como nunca haviam feito antes. Muitos estão temerosos, ansiosos e inseguros. Existe uma fascinação crescente com aquilo que poderá acontecer a seguir. As pessoas estão cada vez mais concentradas naquilo que o amanhã pode trazer. Colapsos econômicos, a ameaça de pragas pandêmicas, desastres cataclísmicos naturais e a temida ameaça do terror nuclear, todos convergem para fazer do mundo um lugar mais perigoso que já houve em qualquer outra época na história da humanidade. Ao mesmo tempo, há uma conversação crescente entre os líderes mundiais sobre esforços em direção a uma unidade global. Por exemplo, tem havido importantes conferências sobre economia e sobre clima, nas quais os representantes dos governos têm tentado conseguir que vários países trabalhem em conjunto visando determinados alvos. E há outras maneiras através das quais vários governos solicitam cooperação global com relação a problemas e questões específicas. Cada vez mais estamos vendo esforços em direção à centralização do poder, o que está levando muitos a imaginar se o tempo do Anticristo chegou – se o governador final do mundo e seu governo mundial único estão para fazer a sua estréia no palco do mundo. O mundo está ansioso por alguém que possa trazer esperança e fornecer as respostas para o aumento das crises mundiais. Será que a chegada do Anticristo pode ser logo? Será que ele já está vivendo agora e presente em algum lugar da terra, esperando que seu tempo chegue?
        Em nossos dias, as pessoas estão falando cada vez mais sobre o Anticristo. De certa forma, isso não surpreende porque as pessoas sempre tiveram uma fascinação pela personificação humana do mal, e já tiveram o auge tentando imaginar quem é o Anticristo. A identidade do Anticristo já intrigou pessoas durante 2.000 anos, e muitos acharam irresistível a tentação de identificá-lo. Há séculos elas têm sugerido inúmeras possibilidades e os vários papas têm sido candidatos consistentes. Diz-se que Martinho Lutero, o grande reformador, falou o seguinte: “Sinto-me muito mais livre agora que sei que o papa é o Anticristo”.
       Dentre os candidatos mais proeminentes que foram mencionados estão o Imperador Frederico II, o Papa Inocêncio IV, Maomé, os Turcos, Napoleão, Hitler, Mussolini e Stalin. Em épocas mais recentes, não tem havido escassez de nomes:

  • Presidente John F. Kennedy – era católico e foi assassinado com um ferimento na cabeça. Algumas pessoas associaram este fato ao ferimento mortal que o Anticristo um dia vai receber (ver Apocalipse 13.3) e esperavam que Kennedy voltasse a viver.
  • Henry Kissinger – era judeu e seu nome, de acordo com alguns cálculos, é igual a 666. Uma razão chave pela qual algumas pessoas sugeriram que ele poderia ser o Anticristo foi sua reconhecida diplomacia e atitude pacificadora.
  • Mikhail Gorbachev – Quem poderia ignorar aquela grande marca vermelha que ele tinha em sua testa? Algumas pessoas pressupuseram que essa marca só poderia estar relacionada à marca da besta.
  • Presidente Ronald Reagan – Seu nome, Ronald Wilson Reagan, era composto por três palavras com seis letras cada uma, e algumas pessoas as equacionavam com o número 666. Elas também achavam que sua recuperação de um atentado a tiro poderia ter algum significado.
  • Bill Clinton – Muitas pessoas apontaram Bill Clinton como possivelmente sendo o Anticristo, e algumas viam Hillary como o falso profeta (um companheiro do Anticristo que, de acordo com o livro de Apocalipse, promoverá o poder do Anticristo e persuadirá as pessoas a adorá-lo).
       [...] Algumas pessoas falam jocosamente que esse esforço para identificar o Anticristo é como uma tentativa às escuras. Vale a pena observar que aqueles que se engajam nesse exercício jogam a culpa em quem quer que seja que eles não gostem. Quase todos os presidentes americanos desde Ronald Reagan têm sido identificados por alguém como sendo o Anticristo. Portanto, não é tão surpreendente que, depois que Barack Obama se tornou presidente, alguns começaram a sugerir que ele seria o Anticristo. Há programas de notícias em televisão a cabo que mostraram entrevistas e histórias sobre essa afirmação.[...]

        Outro motivo para o grande interesse que as pessoas têm no Anticristo é derivado da presença de uma figura do Anticristo em muitas religiões do mundo. Você pode ficar surpreso, como eu fiquei, ao saber que as três grandes religiões do mundo, o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo, ensinam sobre um governador mundial poderoso e sinistro, que aparecerá durante os tempos do fim. Todos estão procurando um homem de perversidade sem paralelos, um inimigo extremo, que virá durante os últimos dias e assumirá o controle do mundo. No Islamismo, essa pessoa é chamada Al-Dajjal, que em árabe significa “o enganador”. Seu título completo é Al-Maseeh (o Messias) Ad-Dajjal (o Mentiroso; o Enganador). Aqui estão algumas de suas principais características, de acordo com o ensinamento islâmico:
  • Ele será um homem jovem;
  • Aparecerá durante uma época de Grande Tribulação;
  • Será cego de um olho (há fontes conflitantes sobre qual dos dois olhos) e esse olho será coberto por uma película grossa enquanto que o outro olho será protuberante como uma uva flutuante;
  • Ele terá cabelos grossos;
  • Terá a palavra “Infiel” (Kaafir) escrita entre seus olhos, ou possivelmente em sua testa, mas apenas os verdadeiros muçulmanos perceberão seu significado;
      O Dajjal possuirá incríveis poderes sobrenaturais que usará para enganar os muçulmanos. De acordo com uma fonte, “O Dajjal terá poderes do Diabo. Ele aterrorizará os muçulmanos, fazendo-os seguirem-no, convertendo-os à incredulidade. Ele esconderá a verdade e divulgará a falsidade. O profeta disse que o Dajjal terá o poder de mostrar a imagem dos ancestrais mortos de uma pessoa em sua mão, como se numa tela de televisão. O parente (o morto) dirá: ‘Ó, meu filho! Este homem está correto. Estou no Paraíso porque fui bom e cri nele.’ Na realidade, aquele parente está no inferno. Se o parente disser: ‘Creia neste homem; eu estou no inferno porque não cri nele,’ alguém poderá dizer para o Dajjal: ‘Não, ele está no Paraíso. Isto é falso.’” 

  • Ele será a encarnação do mal;
  • Afirmará que é Deus;
  • Será um judeu que reunirá 70.000 judeus como seus seguidores, juntamente com outros incrédulos e hipócritas;
  • Ele seguirá em um redemoinho de engano e destruição;
  • Estabelecerá a si mesmo como o governador em Jerusalém;
  • Ele finalmente será morto por Jesus, no portão Lídia, quando Ele voltar do céu;
  • O surgimento do Dajjal no cenário mundial é um dos dez sinais-chave do fim dos tempos para o Islamismo;
       O Judaísmo também possui uma figura do Anticristo. O Judaísmo ensina que um governador romano por nome Armilus será um operador de milagres que dirigirá seus exércitos contra Jerusalém. No final, Armilus será morto pelo Messias ben Davi, ou seja, o Messias, Filho de Davi, o verdadeiro Messias. No Cristianismo, como já vimos, esse governador final do mundo é conhecido como o Anticristo, a Besta e o homem do pecado, bem como por vários outros nomes e títulos. Quando consideramos que três das maiores religiões do mundo estão aguardando o surgimento de um grande líder político-religioso no final dos tempos, não surpreende que hoje a especulação sobre a identidade do Anticristo esteja em alta. Na verdade, há uma especulação crescendo rapidamente de que ele já esteja aqui. E as pessoas querem saber quem ele é. Eu creio que, à medida que os problemas mundiais continuam a piorar, a curiosidade se tornará cada vez mais intensa. Com tudo o que está transpirando em nosso mundo hoje, as pessoas estão fazendo perguntas sobre o final dos tempos e sobre o Anticristo como nunca fizeram antes. As perguntas são como:
  • Os acontecimentos de nosso mundo atualmente estão estabelecendo o palco para o aparecimento do Anticristo?
  • Quem é esse super-homem satânico que ainda está para estourar no cenário mundial?
  • De onde ele virá?
  • Como ele será e o que ele fará?
  • Será que ele surgirá durante nosso tempo de vida?
Por que eu devo me preocupar com o Anticristo?

       Quando o Anticristo lhes vem à mente, algumas pessoas hoje podem se sentir como Denis, o cartusiano, que disse: “Será que ainda não nos desgastamos o suficiente com esse amaldiçoado Anticristo?” Mesmo assim, eu creio que há pelo menos quatro motivos pelos quais deveríamos gastar algum tempo para nos informar sobre a vinda do Anticristo.

1º) A Bíblia tem muito a nos dizer sobre esse governante mundial final. Depois de Jesus Cristo, a principal pessoa em toda a profecia bíblica e em toda a história humana é o governante mundial que está por vir, ou seja, o Anticristo. O Dr. Harold Willmington, descreveu adequadamente a singularidade do futuro ditador mundial. Como se pode perceber a partir dos números na citação abaixo, ele fez essa declaração alguns anos atrás (1981), mas a ideia ainda permanece verdadeira:
 “Desde os dias de Adão, estima-se que aproximadamente 40 bilhões de seres humanos nasceram em nossa terra. Quatro bilhões e meio desse número estão vivos hoje. Entretanto, por qualquer que seja o padrão de mensuração que se possa empregar, o maior ser humano (exceto o próprio Filho de Deus) em questões de habilidade e realização ainda está por fazer sua aparição sobre nosso planeta”.
      Provavelmente poucas pessoas percebem que há mais de 100 passagens nas Escrituras que descrevem a origem, nacionalidade, caráter, carreira, reino e destino final do Anticristo. Ele é discutido extensivamente no livro de Daniel, do Antigo Testamento, bem como nos livros de 2 Tessalonicenses e Apocalipse, do Novo Testamento. Deus não quer que fiquemos preocupados com esse indivíduo de um modo não salutar e desequilibrado, mas Deus quer, claramente, que saibamos a respeito desse príncipe das trevas que está por vir, pois Ele escolheu nos falar bastante sobre tal pessoa. O volume total de informações sobre o Anticristo nas Escrituras é razão suficiente para entendermos quem ele é e o que ele fará.

2º) Saber o que vai acontecer ao Anticristo nos dá a segurança de que Deus finalmente triunfará sobre todo o mal. Se é certo que Deus triunfará sobre a maior concentração do mal que há na pessoa conhecida como Anticristo, então podemos ter a certeza de que Ele triunfará sobre todo o mal que está proliferando descomedidamente em nosso mundo. Esse conhecimento pode servir como uma tremenda fonte de conforto e segurança em nossos tempos cada vez mais problemáticos. Como disse o professor de Bíblia, John MacArthur, referindo-se a Apocalipse 13 e ao Anticristo: 
“A mensagem desta passagem é clara. Que a besta monstruosa vinda do abismo faça o seu pior. Que Satanás e suas hostes demoníacas tenham a sua hora. Deus controla o futuro e os crentes pertencem a Ele”.
3º) Saber sobre o Anticristo nos ajuda a ver como os acontecimentos atuais ao nosso redor estão se unindo para estabelecer o palco para essa vinda. À medida que testemunharmos os acontecimentos mundiais tomando forma da maneira predita na Bíblia, conheceremos grande paz porque experimentaremos a segurança que vem de perceber que a Bíblia previu o futuro com perfeita exatidão.

4º) Conhecer a verdade sobre o Anticristo pode nos ajudar a reconhecer o erro e a apostasia de nossos dias. Embora ainda não estejamos vivendo nos tempos do fim, à medida que nos aproximamos deles, podemos esperar uma enxurrada crescente de apostasia e de falsos ensinamentos. Os professores de profecia Thomas Ice e Timothy Demy nos fornecem esta palavra bastante prática:
O ensino bíblico com referência ao Anticristo não foi dado para nos deixar ansiosos, mas para nos conscientizar. A conscientização da vitória de Deus sobre o Anticristo e sobre todo o mal dá certeza aos crentes de que tanto o presente quanto o futuro estão firmemente dentro do alcance da mão de Deus. Deveríamos estar preocupados com o Anticristo, não apenas porque a Bíblia fala dele nem por causa de curiosidade, mas porque ele nos fornece insight sobre o mistério da iniquidade que já opera em nosso meio (2Ts 2.7). O padrão do mal que será executado claramente no futuro e personificado no Anticristo deveria ser a nossa preocupação, para que possamos sabiamente resistir ao mal no tempo presente. Embora uma passagem bíblica, ou um assunto, possa não ser aplicada diretamente a um crente em particular hoje, um conhecimento detalhado das Escrituras dá ao santo de Deus maior insight para viver fielmente para o Salvador.
      A revelação de Deus sobre a incorporação final do mal é outra parte da mensagem d’Ele ao homem, e não deveríamos dispensá-la nem negligenciá-la. Deus quer que saibamos sobre o Anticristo que virá, e todo crente deveria entender a revelação de Deus sobre ele como parte de seu entendimento total da Palavra de Deus e do plano de Deus para todas as eras. Uma coisa, porém, deve ficar clara: a Bíblia não fala aos crentes para procurarem o Anticristo, mas para buscarem por Jesus. Nós iremos nos encontrar com o Senhor nos ares antes que o homem do pecado seja revelado e comece sua carreira nefasta. Estamos buscando por Aquele cujo nome está acima de todo nome, Aquele diante de quem todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Ele é o Senhor, para a glória de Deus Pai (Fp 2.9-11). 

(Mark Hitchcock — chamada.com.br)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Posso todas as coisas Naquele que me fortalece?


       Muitas vezes andando na rua, vemos muitos carros de pessoas cristãs ou não, com dizeres supostamente Bíblicos, estampados em seus vidros ou lataria, evidenciando uma promessa ou uma vitória que tenha recebido. Não tenho nada contra quem coloca adesivos tipo "Deus é fiel", "propriedade do Senhor Jesus", "foi Deus que me deus", etc. Essa não é a questão aqui. A questão é que muitas dessas interpretações fogem do escopo de uma boa exegese Bíblica. Um versículo muito utilizado é Filipenses 4.13: "Posso todas as coisas naquele que me fortalece". Infelizmente, também é um dos versículos  mais mal compreendidos das Escrituras. Na realidade este texto é entendido exatamente o contrário do que pretendido pelo autor. A interpretação popular,  muitas vezes vinculada á uma Teologia Triunfalista, imagina que esse texto diz: "Eu posso alcançar tudo o que eu desejar" ou "vencerei todos os  meus obstáculos", ou até "comigo ninguém pode", nada mais distante da realidade.


       Todo estudante e leitor da Bíblia, tem uma obrigação de buscar o sentido correto do texto, ou seja, aquele pretendido por Deus, e transmitido pelo se interlocutor humano, pois as Palavras de Deus, descontextualizadas, se transformam nas palavras do Diabo (cf. Mt.4). A ideia que se pode descobrir algo "escondido","oculto" ou "especial" no texto é falsa e deve ser abandonada, pois reflete um pensamento do movimento gnóstico, considerado como herético pela Igreja desde longa data. Mas vamos ao texto. O que o Apóstolo Paulo tinha em mente quando escreveu essas Palavras para os irmãos Filipenses?

       Primeiramente, quando queremos nos aprofundar no sentido verdadeiro de uma passagem, devemos recorrer ao texto grego (ou Hebraico) para entender o sentido original do texto. A palavra "fortalece" nesse contexto, segundo Strong 1412, vem de "dunamis" (cf. dinamite), que nos traz o sentido de poder, força, o que intensifica o fortalecimento dado por Cristo no versículo. Mas nesse caso e na maioria das vezes, o texto em português, expressa com suficiência o conteúdo do verso em grego, devido a boa qualidade das versões que temos na nossa língua. Então  teremos que recorrer a uma das regras básicas da exegese Bíblica: o contexto.

        Filipenses é conhecida por ser uma das epístolas da prisão, juntamente com Efésios, Colossenses e Filemon. Os textos de 1.7,13,14 e 17 deixam muito claro que o Apóstolo Paulo estava encarcerado quando escreveu suas epístolas. Surpreendentemente Filipenses é uma das epístolas mais pacíficas do Novo Testamento, pois Paulo quase não apresenta censura á Igreja. Luiz Sayão Teólogo e Hebraísta nos traz uma interessante nota:
"(...) um dos temas de encorajamento que marca a epístola é "alegria". O verbo alegrar-se (chairo) aparece em 1.18,2.17,18,28,3.1,4.4 e 4.10; regozijar (synkairo) está em 2.17 e 18. O imperativo plural é contundente, aparecendo em 2.18 e 4.4, o famoso texto que diz: "Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se!" É impressionante ver um preso exortando os demais á alegria".[1]
      
       Apesar da alegria de Paulo e de sua motivação aos irmãos de Filipos, o local de onde a carta foi escrita foi de uma prisão fria, mal cheirosa e repugnante, (Roma talvez) demonstrando exatamente o sentido real que o autor quer transmitir, ou seja: posso estar preso, com frio, fome e  nudez. Posso estar enfermo ou com saúde, empregado ou desempregado, ter fartura ou estar em dificuldades, mas apesar de todas essas coisas e de enfrentar qualquer situação difícil o Senhor me fortalece e me dá forças suficientes para suportar as agruras do meu ministério. Não adianta recitar o versículo 4.13 e passar por cima do contexto dos versos 11 e 12:

"Não estou dizendo isso porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade." (NVI)
      
       Agora sim, você pode soltar a máxima: "posso (ou suporto) todas as coisas Naquele que me fortalece", afinal o que Paulo "pode" aqui não significa "tenho capacidade para conseguir", muito menos quer dizer que "tenho direito a isso", mas ao contrário, "poder" aqui significa que a fartura também não permite que Paulo sirva menos á Deus. A essência e a máxima do texto seria, como diz Sayão: "aprendi o segredo de viver contente com toda e qualquer situação"[2].

Paz á todos que estão em Cristo Jesus.
Prof. Saulo Nogueira

[1] Sayão, Luiz A. Agora sim! Teologia na prática do começo ao fim, São Paulo: Hagnos, 2012.
[2]ibid.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Deus manda, o Diabo obedece.

jo 2
        O início do livro de Jó nos mostra uma situação muito estranha. Em um primeiro olhar, temos a sensação de que o Senhor está engajado numa barganha com Satanás acerca da vida do “homem íntegro e justo; [que] temia a Deus e evitava fazer o mal” (Jó 1.1). Parece uma espécie de aposta, de desafio. Que esquisito. Como podemos entender isso? O que o relato desse diálogo entre o Senhor e o Diabo nos ensina? Se conseguirmos enxergar além, vamos perceber que Deus na verdade não barganhou em momento algum com Satanás, mas só deu papo para o inimigo e permitiu que ele afligisse Jó por uma razão bem específica, que veremos no último parágrafo deste texto.

     É um enorme equívoco achar que Deus e Satanás estão numa batalha em pé de igualdade. Entenda: a única relação dos demônios com o Criador é no sentido de obedecer e implorar ao Senhor. Do mesmo modo que eu e você, como criaturas, dependemos da permissão do Pai para tudo, todo e qualquer ser espiritual tem de seguir o mesmo protocolo. Sim, Satanás é obrigado, em tudo, a dizer ao Todo-poderoso: “Seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus”. Ele não tem escolha. Então o que esse trecho de Jó mostra não é um Deus que barganha com o Diabo, mas um Diabo que está submisso em tudo a Deus e tem necessariamente de obedecer-lhe - embora de muita má vontade, é verdade. Mas se o Senhor manda, o Diabo só pode dizer "amém" - as forças espirituais da maldade jamais moverão uma palha sequer se o Todo-poderoso não permitir.
        Para tomar qualquer iniciativa, Satanás precisa que Deus conceda-lhe o direito. Veja que em Jó 1.12 o Senhor diz a Satanás:“Pois bem, tudo o que ele possui está nas suas mãos; apenas não toque nele”. Deus usa o verbo no imperativo, isto é, trata-se de uma ordem, algo que vem de cima para baixo: “Não toque”. Em nenhum momento há uma barganha: há uma concessão. E que vem não para satisfazer Satanás, mas para cumprir os propósitos divinos. Logo, do mesmo modo que Deus endureceu o faraó no Êxodo, usou Nabucodonosor, Ciro, Dario e outros incrédulos para realizar a sua soberana vontade, também só permite ao Diabo fazer suas diabruras se elas, no grande esquema das coisas, atenderem ao que o Senhor deseja. Nesse sentido, o Inimigo é como uma caneta que o Pai usa para escrever a História da eternidade. E canetas não têm autonomia, poder ou autoridade: são instrumentos usados para atender os desejos de quem os maneja.
    As palavras de Cristo em Mt 4.10 (a tentação de Jesus no deserto) são absolutamente reveladoras: “Jesus lhe disse: Retire-se, Satanás!”. Perceba o que está acontecendo aqui. Jesus simplesmente dá uma ordem. E o que o Diabo faz quando Cristo diz “retire-se” é: “Então o Diabo o deixou”. Não há luta, não há barulho, não há disputa. Jesus diz e o Diabo simplesmente e subordinadamente obedece. A história se repete em Marcos 5, no episódio do endemoninhado gadareno. Quando aquela legião de demônios se vê diante do Rei dos Reis o que ela faz? “E implorava a Jesus, com insistência, que não os mandasse sair daquela região. Uma grande manada de porcos estava pastando numa colina próxima. Os demônios imploraram a Jesus: ‘Manda-nos para os porcos, para que entremos neles’” (Mc 5.10-12). Os demônios imploraram. Segundo o dicionário, isso significa que eles suplicaram, pediram encarecidamente e humildemente.
jo 3       O livro de Jó nos antecipa o que veríamos séculos depois se cumprir em Cristo: a supremacia de Deus sobre o Diabo. Jesus lida com Satanás e os demônios sempre como um leão trataria um rato ou uma águia trataria uma serpente. Mateus 8.16 diz a respeito de Cristo: “Ao anoitecer foram trazidos a ele muitos endemoninhados, e ele expulsou os espíritos com uma palavra. Repare, uma única palavra! Jesus não se rebaixava a ficar conversando com demônios se não houvesse propósito para isso. Com uma única palavra os mandava embora.
        A Bíblia é sobre Cristo. O evangelho é sobre Cristo. Nossa vida é sobre Cristo. Se você reparar que está gastando muito do seu tempo lendo sobre demônios, falando sobre eles e se preocupando com eles é sinal de que suas prioridades na vida de fé precisam ser reavaliadas. Cristianismo é sobre viver com Cristo e amar o próximo e não sobre ficar gastando horas e horas com demônios. Ao final do livro de Jó, vemos o resultado de tudo o que o Diabo lhe causou:“Meus ouvidos já tinham ouvido a teu respeito, mas agora os meus olhos te viram” (Jó 42.5), disse o patriarca ao Senhor. Não, não houve barganha entre Deus e Satanás. Houve, isso sim, a mão do Pai em ação para fazer seu filho amado crescer em intimidade consigo: o sofrimento de Jó fez com que ele deixasse de ser apenas um homem que cumpria a lei de um Legislador para se tornar um filho que tinha intimidade com um Pai.
Paz á todos que estão em Cristo.
Prof. Saulo Nogueira
Artigo escrito por Maurício Zágari, Via: Apenas

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Um muro invisível contra radiação e o princípio antrópico

     O planeta terra, a nossa casa  é como uma incubadora em meio a um universo perigoso e hostil, que oferece condições ambientais altamente precisas e interdependentes (às quais chamamos de "constantes antrópicas") formando o que é conhecido como o "princípio antrópico". "Antrópico" vem de uma palavra grega que significa "humano" ou "homem". O princípio antrópico é apenas um título bonito para a evidência básica na qual acreditam muitos cientistas, a saber: que o Universo é extremamente bem ajustado (planejado) para permitir a existência da vida humana aqui na Terra. 

      O alcance da precisão do Universo faz o princípio antrópico ser talvez o mais poderoso argumento para a existência de Deus. Não se trata de simplesmente haver algumas constantes definidas de maneira bem aberta que talvez tenham aparecido por acaso. Não. Existem mais de cem constantes definidas com bastante precisão que apontam definitivamente para um Projetista inteligente.[1]  No Livro "Não tenho fé suficiente para ser ateu", Norman Geisler e Frank Turek enumeram algumas constantes antrópicas que se fossem alteradas tornariam a vida como a conhecemos impossível. Vejamos algumas dessas constantes:

1.Se a força centrífuga do movimento planetário não equilibrasse precisamente as forças gravitacionais, nada poderia ser mantido numa órbita ao redor do Sol.

2.Se o Universo tivesse se expandido numa taxa um milionésimo mais lento do que o que aconteceu, a expansão teria parado, e o Universo desabaria sobre si mesmo antes que qualquer estrela pudesse ser formada. Se tivesse se expandido mais rapidamente, então as galáxias não teriam sido formadas.

3.Qualquer uma das leis da física pode ser descrita como uma função da velocidade da luz (agora definida em 299.792.458 metros por segundo). Até mesmo uma pequena variação na velocidade da luz alteraria as outras constantes e impediria a possibilidade de vida no planeta Terra.

4.Se os níveis de vapor d'água na atmosfera fossem maiores do que são agora, um efeito estufa descontrolado faria as temperaturas subirem a níveis muito altos para a vida humana; se fossem menores, um efeito estufa insuficiente faria a Terra ficar fria demais para a existência da vida humana.

5.Se Júpiter não estivesse em sua rota atual, a Terra seria bombardeada com material espacial. O campo gravitacional de Júpiter age como um aspirador de pó cósmico, atraindo asteroides e cometas que, de outra maneira, atingiriam a Terra.

6.Se a espessura da crosta terrestre fosse maior, seria necessário transferir muito mais oxigênio para a crosta para permitir a existência de vida. Se fosse mais fina, as atividades vulcânica e tectônica tornariam a vida impossível.

7.Se a rotação da Terra durasse mais que 24 horas, as diferenças de temperatura seriam grandes demais entre a noite e o dia. Se o período de rotação fosse menor, a velocidade dos ventos atmosféricos seria grande demais.

8.A inclinação de 23° do eixo da Terra é exata. Se essa inclinação se alterasse levemente, a variação da temperatura da superfície da Terra seria muito extrema.

9.Se a taxa de descarga atmosférica (raios) fosse maior, haveria muita destruição pelo fogo; se fosse menor, haveria pouco nitrogênio se fixando no solo.

10.Se houvesse mais atividade sísmica, muito mais vidas seriam perdidas; se houvesse menos, os nutrientes do piso do oceano e do leito dos rios não seriam reciclados de volta para os continentes por meio da sublevação tectônica (sim, até mesmo os terremotos são necessários para sustentar a vida como a conhecemos!).

11.A força da gravidade é outra constante antrópica. Sua força pode ser impressionante, mas não poderia ser em nada diferente para que a vida existisse aqui no planeta. Se a força gravitacional fosse alterada em 0,00000000000000000000000000000000000001 por cento, nosso Sol não existiria e, portanto, nós também não. Isso é que é precisão!

12.Se o nível de CO2 fosse mais alto do que é agora, teríamos o desenvolvimento de um enorme efeito estufa (todos nós seríamos queimados). Se o nível fosse menor, as plantas não seriam capazes de manter uma fotossíntese eficiente (todos nós ficaríamos sufocados).

13.Interação gravitacional entre a Terra e a Lua: essa constante está relacionada à interação gravitacional que a Terra tem com a Lua. Se essa interação fosse maior do que é atualmente, os efeitos sobre as marés dos oceanos, sobre a atmosfera e sobre o tempo de rotação seriam bastante severos. Se fosse menor, as mudanças orbitais provocariam instabilidades no clima. Em qualquer das situações, a vida na Terra seria impossível. Como é o caso da maioria das constantes, essa constante depende de outras. A interação gravitacional, por exemplo, também é uma função do tamanho da Lua, que é maior que outras luas em relação ao seu planeta.

14.Transparência atmosférica: O grau de transparência da atmosfera é uma constante antrópica. Se a atmosfera fosse menos transparente, não haveria radiação solar suficiente sobre a superfície da Terra. Se fosse mais transparente, seríamos bombardeados com muito mais radiação solar aqui embaixo (além da transparência atmosférica, a composição da atmosfera, com níveis precisos de nitrogênio, oxigênio, dióxido de carbono e ozônio, é, por si só, uma constante antrópica).

15.Nível de oxigênio. Aqui na Terra, o oxigênio responde por 21 % da atmosfera. Esse número preciso é uma constante antrópica que torna possível a vida no planeta. Se o oxigênio estivesse numa concentração de 25%, poderia haver incêndios espontâneos; se fosse de 15%, os seres humanos ficariam sufocados.

     Poderíamos ainda citar muitas outras constantes, como o campo magnético que protege a Terra das explosões solares, a quantidade de água em estado líquido, o movimento de traslação, etc., mas os exemplos são suficientes.


   "O astrofísico Hugh Ross calculou a probabilidade de que essas e outras constantes — 122 ao todo — pudessem existir hoje em qualquer outro planeta no Universo por acaso (i.e., sem um projeto divino). Partindo da ideia de que existem 10²² planetas no Universo (um número bastante grande, ou seja, o número 1 seguido de 22 zeros), sua resposta é chocante: uma chance em 10 elevado a 138 — isto é, uma chance em 1 seguido de 138 zeros! Existem apenas 10 elevado a 70 átomos em todo o Universo. Com efeito, existe uma chance zero de que qualquer planeta no Universo possa ter condições favoráveis à vida que temos, a não ser que exista um Projetista inteligente por trás de tudo.[1]

       O ganhador do Prêmio Nobel Amo Penzias, um dos descobridores da radiação posterior ao Big Bang, expõe as coisas da seguinte maneira:

     "A astronomia nos leva a um acontecimento único, um Universo que foi criado do nada e cuidadosamente equilibrado para prover com exatidão as condições requeridas para a existência da vida. Na ausência de um acidente absurdamente improvável, as observações da ciência moderna parecem sugerir um plano por trás de tudo ou, como alguém poderia dizer, algo sobrenatural."[2]

       O cosmologista Ed Harrison usa a palavra "prova" quando considera as implicações do princípio antrópico na questão de Deus. Ele escreve: ''Aqui está a prova cosmológica da existência de Deus — o argumento do projeto de Paley atualizado e reformado. O ajuste uno do Universo nos dá evidências prima facie do projeto deístico".[3]

       O astrônomo Fred Hoyle teve seu ateísmo abalado pelo princípio antrópico e pela complexidade que observou na vida (que vamos abordar nos dois capítulos seguintes). Hoyle concluiu: "Uma interpretação de bom senso dos fatos sugere que um super intelecto intrometeu-se na física, na química e na biologia e que não há forças ocultas e dignas de menção na natureza".[4] Embora Hoyle tenha sido vago sobre quem seja exatamente esse "super intelecto", ele reconheceu que o ajuste refinado do Universo exige inteligência". O Site do Hiperscience traz uma interessante matéria sobre os princípios Antrópicos. Vejamos:
    
      "Quem se debruçar um pouco sobre os números e leis na natureza, vai encontrar uma série de coincidências que os cosmólogos chamam de “coincidências antrópicas”, ou as coincidências que permitem que exista vida e, em última instância, que nós existamos. Entre as coincidências antrópicas, podemos citar a relação entre a força eletromagnética e a força gravitacional, ou a relação entre a massa do elétron e do próton, ou mesmo a relação de carga entre elétron e próton. Os valores das constantes e as leis da natureza no universo são tais que permitem que as estrelas existam, que elas produzam elementos mais pesados que o hidrogênio, que elas tenham um tempo de vida inverso à sua massa (quanto maior a estrela, mais curta a vida, e mais pesado o elemento que ela é capaz de produzir), que o carbono tenha quatro ligações, que as ligações químicas sejam possíveis e mais uma série de fatores necessários para que exista vida. Ou seja, tudo isso torna o universo possível, e, em última instância, torna a existência de seres humanos possível.

Princípio antrópico fraco e forte

         Da constatação destas coincidências antrópicas, o astrônomo Brandon Carter apresentou em 1974 o princípio antrópico fraco e forte. O princípio antrópico fraco afirma que, se nosso universo não fosse compatível com a vida, não estaríamos aqui para nos maravilhar com ele. Já o princípio antrópico forte usa o princípio copernicano de que, como não devemos supor que ocupamos uma posição privilegiada no universo, e o nosso universo suporta a vida, então só os universos que suportam a vida são possíveis. Barrow e Tipler, na década de 1980, estenderam o princípio antrópico forte dizendo que o universo existe para que nós, seres humanos baseados no carbono e inteligentes, viéssemos a fazer a pergunta “por que o universo existe”. O físico Fred Hoyle chegou a afirmar que qualquer um que examinasse as leis da física nuclear chegaria à conclusão que elas foram concebidas de forma intencional.

       Outros ainda pegaram a interpretação de Copenhague da mecânica quântica, que afirma que a superposição quântica acaba quando um fenômeno superposto é observado (“a função de onda entra em colapso quando é medida”), e afirmam que o universo precisa de um observador inteligente para existir, e portanto “foi feito” pensando em nós, observadores inteligentes. Segundo os defensores do princípio antrópico, a coincidência de todos os valores de constantes e as leis da natureza serem apropriadas para a vida é tão improvável que não dá para pensar em coincidência: teria que ser algo proposital, e o propósito seria para que nós viéssemos a existir para admirar este universo."    
       
       Há alguns dias saiu uma matéria na folha de São Paulo, replicada de uma edição da revista Científica "Nature", que reforça ainda mais o argumento Teleológico e, se confirmado, coloca na lista mais um princípio antrópico. Vejamos o que diz a matéria On-line: 

Misteriosa barreira entre dois cinturões de radiação protege a Terra de partículas nocivas!
Misteriosa barreira entre dois cinturões de
radiação protege a Terra de partículas nocivas!
       "Um campo de força invisível e impenetrável, a cerca de 11 mil km da superfície da Terra, protege nosso planeta de doses letais de radiação. A descoberta surpreendente e até agora inexplicada foi feita por uma dupla de satélites da Nasa e reportada na edição de hoje da revista científica britânica “Nature”.

Lançadas em 2012, as Van Allen Probes tinham por principal objetivo estudar os chamados cinturões de Van Allen, dois anéis de radiação concentrada produzidos pela interação do campo magnético da Terra com a torrente de partículas carregadas emanada constantemente do Sol.
Os cinturões, aliás, foram a primeira descoberta da era espacial, feita em 1958 pelo cientista americano James Van Allen, da Universidade de Iowa, com dados colhidos pelo primeiro satélite ianque, o Explorer-1. A ambição original do pesquisador era estudar raios cósmicos, mas o satélite acabou fazendo a detecção de uma concentração anormal de partículas. Originalmente foram detectados dois cinturões: um mais baixo, entre 600 e 10 mil km de altitude, concentra prótons de alta energia, e outro mais distante, entre 13,5 mil e 57,6 mil km de altitude, agrupa elétrons de alta energia.

        A nova surpresa só foi possível agora, graças aos instrumentos mais sofisticados já usados para explorar o ambiente dos cinturões. Os cientistas liderados por Dan Baker, ex-aluno do próprio Van Allen e pesquisador da Universidade do Colorado em Boulder, perceberam que todos os elétrons com os níveis mais altos de energia, que viajam em velocidades próximas à da luz, eram barrados um pouco acima do primeiro dos cinturões. Nenhum deles conseguia passar a barreira dos 11 mil km. Ainda bem para nós, pois essa seria uma radiação nociva, se chegasse à superfície da Terra. Mas a surpresa é que o bloqueio abrupto observado contraria a expectativa original dos pesquisadres. Eles imaginavam que esses elétrons fossem detidos gradualmente pela atmosfera terrestre, conforme aconteciam colisões entre eles e as moléculas de ar. Uma barreira distinta a 11 mil km é totalmente incompatível com essa premissa. É quase como se esses elétrons estivessem trombando com uma parede de vidro no espaço”, disse Baker, em nota. “É um fenômeno extremamente intrigante.”

MISTÉRIO

       Os cientistas ainda não têm uma explicação clara do que daria origem à barreira, mas o campo magnético da Terra parece não ter nada a ver com isso. Para descartar essa hipótese, eles estudaram com especial atenção o comportamento dos elétrons sobre o Atlântico Sul. Por alguma razão pouco compreendida, o campo magnético do planeta é mais fraco naquela região — tanto que os cinturões de Van Allen chegam um pouco mais perto da superfície por ali. Se a barreira invisível fosse causada pelo magnetismo terrestre, seria natural que os elétrons conseguissem maior penetração por ali. Mas não. Mesmo naquele ponto o fim da linha é ao redor dos 11 mil km. Por enquanto, a melhor ideia com que Baker e seus colegas conseguiram se sair é a de que as poucas moléculas gasosas presentes àquela altitude formam um gás ionizado chamado de plasmasfera, que por sua vez emite ondas eletromagnéticas de baixa frequência. Seriam elas as responsáveis por rebater os elétrons altamente energéticos.
Concepção artística de uma das Van Allen Probes, lançadas em 2012.
Concepção artística de uma das Van Allen Probes, lançadas em 2012.

      Como testar a hipótese? O segredo é continuar monitorando os cinturões, em busca de novas pistas do mistério. E é exatamente o que as Van Allen Probes vão fazer. Uma das descobertas já realizadas pelos satélites é que, durante momentos de grande atividade solar, os dois cinturões se desdobram em três. Recentemente, os pesquisadores envolvidos com a sonda desenvolveram software para apresentar as condições daquela região do espaço praticamente em tempo real, o que facilita o acompanhamento dinâmico dos cinturões.

       A compreensão desses fenômenos é fundamental para proteger nossos satélites em órbita, que podem ser danificados pela radiação concentrada dos cinturões. E também é importante para garantir a saúde dos astronautas que porventura viajem além da órbita terrestre baixa. Os tripulantes das missões Apolo, que visitaram as imediações da Lua entre 1968 e 1972, tiveram de atravessar os cinturões. Como a travessia foi feita rapidamente, em cerca de 30 minutos, isso não afetou de forma adversa os intrépidos viajantes espaciais. Um fenômeno curioso, contudo, é que muitos deles reportaram a visualização de flashes luminosos durante a travessia. E eles viam isso até quando estavam com os olhos fechados. As tais “visões” eram resultado de partículas energéticas do cinturão colidindo diretamente em células da retina."

        Se confirmada, esse "campo de força" entraria na lista para engrossar ainda mais as evidências de um Projetista Inteligente, que criou o planeta Terra para abrigar a Sua criação. 

"Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos." 
(Salmos 19:1)

Paz á todos que estão em Cristo Jesus.
Prof. Saulo Nogueira

Fonte: Hiperscience

Referência: Geisler, Norman L.; Turek, Frank. Não tenho fé suficiente para ser ateu. 
[1] "Why I Believe in Divine Creation", 138-41.
[2] Apud Walter BRADLEY, ''The 'Just-so' Universe: The Fine-Tuning of Constants and Conditions in the Cosmos", in: William DEMBSKl & James KUSHINER, eds. Signs of Intelligence. Grand Rapids, Mich.: Baker, 2001, p. 168.
[3] Apud GEISLER & HOFFMAN, eds. "Why Iam a Christian", p. 142.
[4] "The Universe: Past and Present Reflections", Engineering and Science (November 1981): 12.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Quem criou o Criador?

     Nesse vídeo bem curto, o Apologista cristão John Lennox expõe de forma simples e dinâmica a Falácia do Argumento de "quem criou Deus?". É claro que sua resposta é curta e objetiva e essa é uma controvérsia que demanda uma maior aprofundação no Tema, mas postei o vídeo devido a simplicidade e coerência da resposta. Até eu postar algo á respeito, quem quiser já lendo e estudando sobre o tema, uma boa pedida é o Livro: Não tenho fé suficiente para ser ateu, dos brilhantes apologistas Norman Geisler e Frank Turek.  

     John Lennox é Professor da Universidade de Oxford e de forma brilhante e implacável responde ao Ateu militante Richard Dawkins.

Veja o vídeo:

Paz á todos que estão em Cristo.
Prof. Saulo Nogueira

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Os filhos de Jacó formaram 12, 13 ou 14 tribos?

    Visto que os dois filhos de José — Efraim e Manasses — foram relacionados entre as doze tribos de Israel, o verdadeiro número de tribos parece que era treze. Se somarmos com José serão catorze. Por que, então, a Bíblia continua a mencionar as tribos como doze, em vez de treze ou catorze? Que tribo foi posta de lado nessa contagem?

     Jacó foi pai de doze filhos, não de treze (homens). Mas em Gênesis 48.22 ele concedeu a José uma porção dobrada de sua herança, em vez de uma quantidade menor, como aos demais filhos.

“E eu te dou um pedaço de terra a mais do que a teus irmãos, o qual tomei com a minha espada e com o meu arco da mão dos amorreus”. (Gênesis 48:22)

       Isso significava que embora não houvesse uma tribo com o nome de seu filho querido, haveria duas relacionadas a José: a de Efraim e a de Manassés. Em outras palavras, a primeira seria a tribo A e Manassés a tribo B. Ambas de José. A tribo de Levi seria sacerdotal e cuidaria da parte espiritual de todas as demais. Ela não deveria receber território tribal (os levitas seriam distribuídos pelas cidades e vilas espalhadas por toda a Canaã após a conquista). Isso significa que deveriam existir apenas onze territórios, em vez de treze, não fosse o fato de as duas tribos de José compensarem a subtração da de Levi do número agraciado com território, que não recebeu uma porção de terra em herança porque os levitas exerciam a função de sacerdotes. Espalhados por todas as tribos em 48 cidades levíticas, eles ensinavam os estatutos do Senhor às tribos (Dt 33:10). No entanto, o plano de Deus era que Israel se constituísse de doze tribos, em vez de onze apenas. A duplicada honra atribuída a José quando se concedeu a seus dois filhos uma herança dobrada, deveu-se aos serviços excepcionalmente valiosos que ele prestou ao preservar toda a sua família da morte, naquele tempo de fome, ao dar-lhe abrigo e refúgio na terra do Nilo. Em Gênesis são relatadas as 12 tribos originais, mas na relação do livro de Números, Manassés e Efraim, filhos de José, substituem a tribo de seu pai, pois receberam a dupla porção de José que ficou dividida entre Manasses e Efraim, seus dois filhos de forma a preencher a vaga deixada por Levi.

Veja a diferença:

Gênesis 46                                             Números 26                                  Apocalipse 7

1. Rúben                                                  Rúben                                                Rúben
2. Simeão                                                Simeão                                              Simeão
3. Levi                                                         -                                                      Levi
4. Judá                                                      Judá                                                   Judá
5. Issacar                                                 Issacar                                              Issacar
6. Zebulom                                            Zebulom                                           Zebulom
7. José                                                         -                                                       José
8. -                                                         Manasses                                          Manasses
9. -                                                           Efraim                                                   -
10. Benjamim                                       Benjamim                                         Benjamim
11. Dã                                                        Dã                                                      -
12. Gade                                                  Gade                                                 Gade
13. Aser                                                    Aser                                                 Aser
14. Naftali                                              Naftali                                              Naftali

Mas e Apocalipse? A relação também é diferente. Por quê? 


      Na passagem do Apocalipse, José e Manassés são contados em separado, possivelmente indicando que José e Efraim (filho de José) são contados como uma única tribo. Dã é omitido nesta relação, possivelmente porque os danitas tomaram a sua porção pela força numa área ao norte de Aser, separando-se de sua herança original que era ao sul num ato de agressão não provocada, segundo Juízes 18.27. Além disso, os danitas foram a primeira tribo a ir para a idolatria, trazendo consigo uma estola sacerdotal idólatra, que haviam roubado com violência de um efraimita (Jz 18.18-26.). Levi aparece nesta relação como uma tribo separada, possivelmente porque, depois da cruz, os levitas não mais exercem o seu ofício para todas as tribos e, então, podem receber uma porção de terra por herança para si. Efraim deve ser o mesmo que "José", nessa lista; Manassés é mencionado separadamente. Visto que Efraim permaneceu na margem ocidental, enquanto Manassés se estabeleceu como "meia-tribo" na margem oriental, era razoável que se desse a Efraim a honra de levar o nome de seu pai.O importante é que em cada caso o autor bíblico tem o cuidado de preservar o número original de 12 tribos, número este que tem um significado espiritual, indicativo de uma perfeição espiritual (cf. as portas e fundações da Cidade celestial, em Apocalipse 21)

Paz á todos que estão em Cristo Jesus.
Prof. Saulo Nogueira

Referência:
Archer; Gleason L., Enciclopédia de Temas Bíblicos
Geisler, Norman; Howe, Thomas, Manual popular de dúvidas, enigmas e "contradições" da Bíblia