Matthew Ravosa, da Universidade de Notre Dame,
liderou uma equipe que publicou recentemente um artigo na Biological Reviews[1,
2] a respeito da plasticidade dos aspectos físicos de uma dada espécie. Animais
submetidos a dietas diferentes possuem desenvolvimentos diferentes nos mais
diversos níveis, como afirma o professor Ravosa:
“Durante o crescimento pós-natal, mostramos que essas variações no estresse de mastigação relacionadas à dieta induzem uma cascata de mudanças nos níveis celular, de tecidos, protéicos e genéticos, de forma a manter a integridade das estruturas craniomandibulares envolvidas no processamento de alimento.”[1]
As variações induzidas nesses experimentos chegam mesmo a ser comparadas a diferenças observadas entre espécies distintas:
“Em terceiro lugar, dada a longa duração dos experimentos, somos capazes de demonstrar que um padrão dietético iniciado ainda no período pós-natal e de duração prolongada pode resultar em níveis de variações das mandíbulas de uma única espécie em par com aquelas observadas entre espécies.”[1]
O professor Ravosa também chama a atenção para o
tipo de dificuldade que isso traz para a interpretação dos fragmentos de ossos
encontrados no registro fóssil:
“Essas análises longitudinais mostram que os efeitos morfológicos da ‘sazonalidade’ dietética são detectados apenas em algumas regiões do crânio, o que atrapalha ainda mais nossa habilidade de reconstruir acuradamente a biologia de organismos fósseis representados por espécimes singulares e fragmentados.”[1]
Em outras palavras, um pesquisador
corre o risco de anunciar a descoberta de uma nova espécie com base em uns poucos
fragmentos de ossos, quando na verdade o que tem em mãos pode ser apenas uma
variação de uma espécie já conhecida induzida pela própria alimentação.
Ressalte-se que a definição de espécies é, há muito tempo, um tema controverso.
Os criacionistas, ao contrário do que afirmam
determinados livros-texto universitários,[3] não são fixistas, isto é, não
defendem que as espécies que existem hoje foram criadas da forma como as
conhecemos desde o início. A própria tese criacionista para o repovoamento do
mundo animal após o dilúvio depende da existência de variabilidade. Alguns
chamam isso de microevolução, embora existam boas razões para utilizarmos
termos como diversificação de baixo nível.
O tipo de variabilidade que normalmente é encontrado
no registro fóssil, e que é invocado exaustivamente como evidencia a favor da
evolução, ajusta-se melhor à ideia criacionista de variações limitadas. É
comum, quando se pesquisa o argumento em fonte evolucionista, encontrarmos um
cenário que coloca de um lado a proposta evolucionista, que prevê variações, e
do outro uma distorcida proposta criacionista, que não prevê variações. Diante
das variações observadas em experimentos e no registro fóssil, argumenta-se
então que a evidência é favorável à evolução. Nada mais enganoso.
Quando se entende que ambas as propostas preveem
variações, recai sobre os evolucionistas o ônus de demonstrar as transformações
que excedem essas mudanças em pequena escala, ou o que muitos chamariam de
macroevolução. Nas palavras de um evolucionista sincero nesse ponto, “é
possível imaginar, por extrapolação, que, se os processos em pequena escala que
vimos continuassem por um período de tempo suficientemente longo, eles poderiam
produzir a variedade moderna da vida”.[3] E é este o ponto que realmente deveria
figurar no centro do debate: Essa extrapolação é válida? Não seriam o grande
número de fraudes e interpretações equivocadas sintomas de que a extrapolação
evolucionista se sustenta forçosamente, mais apoiada em uma visão de mundo do
que em evidência palpável?
(Rodrigo Meneghetti Pontes - Doutor em Química pela UEM)
[1] University
of Notre Dame. “Reinterpreting the fossil record on jaws.” ScienceDaily, 17
August 2016.
[2] Matthew J.
Ravosa, Rachel A. Menegaz, Jeremiah E. Scott, David J. Daegling, Kevin R.
McAbee. “Limitations of a morphological criterion of adaptive inference in the
fossil record”. Biological Reviews, 2015; DOI:
10.1111/brv.12199
[3] Mark Ridley,
Evolução, 3a Ed., Artmed, 2006, p. 67, 77.
É bem provável que e evolução seja fato,a melhor explicação para as semelhanças entre os leões, tigres e gatos é que eles descendem de um felino ancestral,o mesmo acontece com as aves, répteis caninos e primatas,mas o que não aconteceu de fato, foi a mudança de espécie para a outra.
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