O chamado período
embrionário em sentido restrito, que sucede imediatamente ao período do embrião
pré-implantatório, se inicia na terceira semana após a concepção e se estende
até o final da oitava semana. Ao término desse período, todos os órgãos e os
tecidos do corpo humano já possuem uma estrutura rudimentar e o desenvolvimento
do trofoblasto, com a troca de nutrientes e outras substâncias entre as
circulações materna e embrionária, garante a formação total das várias
estruturas de apoio, entre elas, a placenta e o âmnio. A placenta, com o seu
desenvolvimento completo após quatro semanas a contar da concepção, serve de
fígado, pulmões e rins para o embrião e para o feto.
O evento mais
característico durante a terceira semana de gestação é a gastrulação, processo
que estabelece os três folhetos germinativos (ectoderma, mesoderma e endoderma)
no embrião. Esse é um dos processos mais fascinantes dentro do período
gestacional, pois segundo Keith Moore, “é o processo formativo pelo qual as
três camadas germinativas, que são precursoras de todos os tecidos
embrionários, e a orientação axial são estabelecidas”. Dessa forma, será neste
período que o disco embrionário bilaminar transformar-se-á em um disco
embrionário trilaminar, ocorrendo inúmera mudanças morfológicas, rearranjo
movimentos das células e mudanças nas propriedades adesivas, contribuindo para
o processo de gastrulação. Neste período, o embrião também pode ser chamado de
gástrula.
A gastrulação
começa pela formação da linha primitiva na superfície do epiblasto. Inicialmente
a linha é mal definida, mas num embrião de 15 a 16 dias ela é bem visível como
um sulco estreito, com regiões discretamente salientes de cada lado. A
extremidade cefálica da linha, o nó primitivo, conhecido como nó de Hansen,
consiste em uma área discretamente elevada circuncidando a fosseta primitiva.
Logo em seguida, as células do epiblasto migram em direção à linha primitiva
tomando a forma de um frasco, desprendendo-se do epiblasto e passam sobre o
mesmo. Este movimento internamente dirigido é denominado invaginação. Uma vez
invaginadas as células, algumas delas deslocam o hipoblasto (ou endoblasto),
contribuindo para a sua diferenciação em endoderma, enquanto outras situam-se
entre o epiblasto e o recém originado endoderma, formando o mesoderma. As
células remanescentes no epiblasto formam então, por diferenciação, o
ectoderma. Por meio da gastrulação, portanto, deduz-se que o epiblasto é
responsável pela origem de todos os folhetos germinativos e que as células
destes folhetos darão origem a todos os tecidos e órgão no embrião. Essas diferenciações das células
dos folhetos germinativos darão origem as estruturas de acordo com o esboço a
seguir:
Ectoderma:
- Epiderme e anexos cutâneos
(pelos e glândulas mucosas);
- Todas as estruturas do sistema
nervoso (encéfalo, nervos, gânglios nervosos e medula espinhal);
- Epitélio de revestimento das
cavidades nasais, bucal e anal.
Mesoderma:
- Forma a camada interna da pele
(derme).
- Músculos lisos e esqueléticos;
- Sistema circulatório (coração,
vasos sanguíneos, tecido linfático, tecido conjuntivo);
- Sistema esquelético (ossos e
cartilagem);
- Sistema excretor e reprodutor
(órgãos genitais, rins, uretra, bexiga e gônadas).
Endoderma:
- Epitélio de revestimento e
glândulas do trato digestivo, com exceção da cavidade oral e anal;
- Sistema respiratório (pulmão);
- Fígado e pâncreas.
Ainda no
começo da terceira semana, o nó primitivo produz células mesenquimais que
formam o processo notocordal. Enquanto o hipoblasto (endoblasto) é substituído
por células endodérmicas movendo-se para a linha primitiva, as células da placa
notocordal proliferam e se destacam do endoderma. Elas formam então um sólido
cordão de células, o notocórdio definitivo, subjacente ao tubo neural e que
serve como base para o esqueleto axial. Como o alongamento do notocórdio é um
processo dinâmico, a extremidade cefálica se forma primeiro e as regiões
caudais são adicionadas quando a linha primitiva assume uma posição mais
caudal. As células do notocórdio se estendem cefalicamente, a partir do nó-
primitivo, como um bastão de células entre o ectoderma e o endoderma. A fosseta
primitiva penetra no processo notocordal para formar o canal notocordal. Quando
totalmente formado, o processo notocordal vai do nó primitivo à placa
procordal. Surgem aberturas no soalho do canal notocordal que logo coalescem,
deixando uma placa notocordal. A placa notocordal dobra-se para formar a
notocorda:
-
A notocorda define o eixo primitivo do embrião dando-lhe uma certa
rigidez;
- Fornece os sinais necessários
para o desenvolvimento do embrião axial (ossos da cabeça e da coluna vertebral)
e do sistema nervoso central;
FORMAÇÃO DO TUBO NEURAL
A placa neural
aparece como um espessamento na linha média do ectoderma embrionário, em
posição cefálica ao nó primitivo. Nessa fase começa a formação do primórdio do
sistema nervoso central. O desenvolvimento da placa neural e o seu dobramento
para formar o tubo neural é chamado neurulação. A placa neural é induzida a
formar-se pelo desenvolvimento da notocorda e do mesênquima que lhe é
adjacente. Um sulco neural, longitudinal forma-se na placa neural; o sulco
neural é flanqueado pelas pregas neurais, que se juntam e se fundem para
originarem o tubo neural. Estes processos, que se iniciam na terceira semana
após a concepção, estão concluídos pelo fim da quarta semana, quando se fecham
as aberturas nas extremidades cefálica e caudal do tubo neural, denominadas
neuroporos rostral e caudal. Interessa ressaltar que, devido às pregas neurais,
o disco embrionário trilaminar assume ao longo da quarta semana após a
concepção uma forma ligeiramente curvada no plano mediano. Nessa etapa do desenvolvimento
embrionário, o coração, que produz uma grande proeminência ventral, bombeia um
filete de sangue recém-formado através de vasos ínfimos.
O dobramento do embrião também se dá no plano horizontal e produz as pregas laterais direita e esquerda. No entanto, a velocidade de crescimento lateral do embrião não acompanha a do crescimento do eixo longitudinal. Daí porque, ao final da quarta semana após a concepção, a cauda atenuada do embrião é-lhe um traço característico, sendo reconhecíveis, antes ainda, os brotos dos membros superiores, por primeiro, e dos membros inferiores, na sequência. Ainda durante o dobramento nos planos mediano e horizontal, convertendo o disco embrionário trilaminar em um cilindro em forma de "c", ocorre um evento importante: parte do saco vitelino é incorporada pelo embrião e origina o intestino primitivo, do qual derivam o epitélio da traqueia, dos brônquios, dos pulmões e do trato digestivo. É importante pontuar que o saco vitelino, desempenha um papel essencial na transferência de nutrientes para o embrião durante a quarta e a quinta semanas após a concepção, período em que a circulação uteroplacentária ainda está se formando.
O dobramento do embrião também se dá no plano horizontal e produz as pregas laterais direita e esquerda. No entanto, a velocidade de crescimento lateral do embrião não acompanha a do crescimento do eixo longitudinal. Daí porque, ao final da quarta semana após a concepção, a cauda atenuada do embrião é-lhe um traço característico, sendo reconhecíveis, antes ainda, os brotos dos membros superiores, por primeiro, e dos membros inferiores, na sequência. Ainda durante o dobramento nos planos mediano e horizontal, convertendo o disco embrionário trilaminar em um cilindro em forma de "c", ocorre um evento importante: parte do saco vitelino é incorporada pelo embrião e origina o intestino primitivo, do qual derivam o epitélio da traqueia, dos brônquios, dos pulmões e do trato digestivo. É importante pontuar que o saco vitelino, desempenha um papel essencial na transferência de nutrientes para o embrião durante a quarta e a quinta semanas após a concepção, período em que a circulação uteroplacentária ainda está se formando.
Cabe uma pergunta aqui: como esses processos seriam realizados perfeitamente, visto que, segundo a concepção evolucionista se deram por um processo cego e ao acaso? Será que todas essas estruturas evoluíram simultaneamente, para conferir nutrição adequada ao embrião, possibilitando seu desenvolvimento? Ou será que essas estruturas já foram criadas com esse propósito, por um design, que desde o início “programou” nosso DNA para que, através dessa “programação” todas essas estruturas trabalhassem perfeitamente? De onde veio essa informação. Existe uma lei da informação que diz que nenhum processo natural pode produzir informação inteligente e que informação inteligente somente pode ser produzida por um intelecto. Mediante as evidências e a extrema complexidade desses eventos, cremos num design inteligente, autor da vida e não em processos cegos e aleatórios que visam produzir o caos e não a ordem.
FORMAÇÃO DOS SOMITOS
O mesoderma de
cada lado da notocorda se espessa para formar as colunas longitudinais do
mesoderma paraxial. A divisão dessas colunas mesodérmicas paraxiais em pares de
somitos começa cefalicamente, no final da terceira semana. Os somitos são
agregados compactos de células mesenquimais, de onde migram células que darão
origem às vértebras, costelas e musculatura axial.
FORMAÇÃO DO CELOMA
O celoma
intra-embrionário surge como espaços isolados no mesoderma lateral e no
mesoderma cardiogênico. Estes espaços celômicos coalescem em seguida para
formarem uma cavidade única em forma de ferradura, que, no final, dará origem
às cavidades corporais (e.g.,a cavidade peritoneal). Nesse primeiro
mês de vida o embrião sofrerá várias transformações maravilhosas, a maior
mudança no desenvolvimento de uma vida. As centenas de células se transformam
em milhares e, juntos, tornam-se 10 mil vezes maior que o aglomerado de células
inicial. A maravilha de tudo isso é que essas inúmeras células se organizam em
um corpo humano, com o início de todos os seus componentes perfeitamente
especializados, todos em seus lugares certos e alguns já praticam suas funções.
Durante a
quinta semana após a concepção, o aumento da cabeça excede o de outras regiões
do corpo do embrião, causado principalmente pelo desenvolvimento do encéfalo, e
os membros superiores começam a exibir alguma diferenciação local. Ao longo da
sexta semana, os membros superiores do embrião mostram uma rápida diferenciação
em relação aos membros inferiores. Nessa etapa, a cabeça do embrião é muito
maior em relação ao seu tronco e se apresenta mais curvada sobre a saliência
cardíaca. Na penúltima semana do período embrionário, todos os órgãos e todos
os tecidos de um ser humano adulto já estão esboçados em miniatura e em franco
funcionamento, destacando-se, no processo morfogenético, os membros superiores
e os membros inferiores, que passam, então, por significativa transformação,
como a formação dos dedos. Se na sexta semana após a concepção o embrião já
mede 8 milímetros de comprimento, na sétima semana o seu comprimento é quase
duplicado: 15 milímetros. A partir daí o que se presencia no embrião é um
aumento de tamanho e de peso, uma mudança nas proporções e o aprimoramento da
estrutura e das funções.
Muitos órgãos
e sistemas orgânicos importantes são formados durante o período que vai da
terceira à oitava semana. Este período é crítico para o desenvolvimento normal,
designado como período da organogênese. É nesse período que são induzidos
muitos defeitos estruturais, influenciados na maioria das vezes por fatores
externos, como fumo, álcool e medicamentos. Uma mãe que leva uma vida
desregrada pode causar danos irreversíveis ao seu
bebê!
É oportuno ressaltar que, se no início da
última semana do período embrionário ainda permanece visível no embrião a cauda
grossa e curta que se formara na quarta semana após a concepção, ao seu final
ela desaparece por completo, formando o cóccix. Os evolucionistas se referem ao
cóccix como um suposto traço vestigial de nossa descendência dos ancestrais que
tinham cauda, porém pesquisas mais recentes refutaram essa argumentação como
pode ser lido nessa postagem.
No terceiro artigo, entraremos no período fetal e falaremos um pouco sobre os processos envolvidos nessa fase.
Prof. Saulo Nogueira.
Colaborou nesse artigo: Everton Fernando Alves - Enfermeiro - Mestre em Ciências da Saúde pela UEM.
Referências:
Sadler, TW. Langman Fundamentos
de embriologia médica. Rio de Janeiro (RJ): Guanabara Koogan; 2007.
MOORE, Keith L. Embriologia básica.
Tradução de Fernando Simão Vugman. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan,
1991.
Geraldine Lux Flanagan, A Vida
Começa. Nova York: DK, 1996.
SILVA, Reinaldo Pereira. Reflexões
éticas sobre o estatuto da Vida: Uma abordagem político-jurídica da concepção
humana (Tese apresentada ao curso de pós-graduação em direito para a obtenção
do título de Doutor em Direito)
Departamento de Histologia e Embriologia da Universidade Federal de Pernambuco.
Departamento de Histologia e Embriologia da Universidade Federal de Pernambuco.
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