segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Se Jesus é Deus, por que Ele diz que o Pai é maior que Ele?


     Conforme prometido nesse artigo, onde eu disse que em postagens posteriores eu faria uma refutação aos argumentos dos muçulmanos, que negam a divindade de Cristo. Não somente adeptos do Islã, mas também Testemunhas de Jeová, Espiritas ou os modernos adeptos do Arianismo, se utilizam de alguns versículos bíblicos para tentarem argumentar que Jesus não se considerava igual com o Pai. Um desses versículos, que analisaremos agora, se encontra em João 14.28, onde Jesus diz o seguinte:
 "Se vocês me amassem, ficariam contentes porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu". 
      A Trindade é definida no Breve Catecismo de Westminster (n.° 6) como segue: "Há três pessoas na Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; esses três são o único Deus, e cada um o mesmo em substância, igual em poder e glória". Como, pois, então pode o Filho afirmar que o Pai é maior (meizon) do que ele?

     A resposta à essa afirmação se encontra no próprio contexto. Jesus está falando aqui, não de sua natureza divina, mas da humana, como Filho do homem. Cristo veio para sofrer e morrer, não como Deus, que não pode padecer, mas como o segundo Adão, nascido de Maria. Só como ser humano poderia Jesus servir como o Messias, ou Cristo (o Ungido). A menos que tivesse uma natureza humana verdadeira, genuína, jamais poderia ter representado os descendentes de Adão e levar sobre si os nossos pecados na cruz. Por isso, como Filho do homem, é certo que ele era inferior a Deus, o Pai. Isaías 52.13-53 esclarece a questão: Jesus só poderia ser nosso Salvador ao tornar-se o Servo de Iavé que, por definição, jamais pode ser tão grande como seu senhor. Mas o que envolve sua transformação num servo? Um estado de sujeição a qual a pessoa é levada a prestar obediência. Daí decorre que Jesus só entraria na presença do Pai, que é maior em dignidade e posição do que o Filho do homem, como o Redentor que venceu a morte. Filipenses 2.5-11 nos esclarece esse espírito voluntário de Cristo:

"Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz."
    Todavia, como Deus, o Filho, à parte a encarnação, as Escrituras nunca sugerem a existência de algum contraste em glória, entre o Pai e o Filho. As seguintes passagens deixam esse ponto claríssimo:
"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus." (João 1.1);
 "Respondeu-lhe Jesus: Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não me conheces, Felipe? Quem me viu a mim, viu o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? (Jo. 14.9) 
"Pois a qual dos anjos Deus alguma vez disse: "Tu és meu Filho; eu hoje te gerei"? E outra vez: "Eu serei seu Pai, e ele será meu Filho"? E ainda, quando Deus introduz o Primogênito no mundo, diz: "Todos os anjos de Deus o adorem". Quanto aos anjos, ele diz: "Ele faz dos seus anjos ventos, e dos seus servos, clarões reluzentes". Mas a respeito do Filho, diz: "O teu trono, ó Deus, subsiste para todo o sempre; cetro de equidade é o cetro do teu Reino. (Hebreus 1:5-8) 
"(...) de quem são os patriarcas; e de quem descende o Cristo segundo a carne, o qual é sobre todas as coisas, Deus bendito eternamente. Amém. (Rm. 9.5)
"Esforço-me para que eles sejam fortalecidos em seus corações, estejam unidos em amor e alcancem toda a riqueza do pleno entendimento, a fim de conhecerem plenamente o mistério de Deus, a saber, Cristo." (Colossenses 2.2);
"(...) enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. (Tito 2.13); 
"Sabemos também que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento, para que conheçamos aquele que é o Verdadeiro. E nós estamos naquele que é o Verdadeiro, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna." (1 João 5.20)
(cf. também Isaías 9.6 (afirma que Emanuel, nascido da virgem também é Deus forte — ’el gibbôr).[2] (ver também: Jo 8.58; 10.30; 17.5) 
       Não nos resta dúvida que essa aparente inferioridade de Jesus em relação ao Pai fica claramente explicada quando entendemos a necessidade de Sua encarnação como homem para morrer pelos nossos pecados.

Paz do  Senhor à todos 

Prof. Saulo Nogueira

Referência Bibliográficas:

ARCHER, Gleason L. Enciclopédia de Temas Bíblicos. 2ª edição - São Paulo : Editora Vida, 2001

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