
Os pesquisadores fizeram 43 perguntas sobre fé,
abordando temas como pecado, salvação, Bíblia e vida após a morte. A pesquisa
feita com 3 mil pessoas tem uma margem de erro de 1,8% e seu nível de confiança
é de 95%. As principais conclusões do estudo são que embora a imensa maioria –
90% dos evangélicos e 75% dos católicos – acredite que o céu é um lugar real,
cerca de 19% dos evangélicos (67% dos católicos) acreditam que existem outros
caminhos para chegar lá que não seja através da fé em Jesus. Por outro lado, 55% dos evangélicos dizem que o inferno
é um lugar real, contra 66% dos católicos. Na média, os americanos não parecem
muito preocupados com o pecado ou em irem para o inferno depois de morrer. Dois
terços (67%) dizem que a maioria das pessoas são basicamente boas, apesar de
todos os seus pecados. Apenas 18% acredita que até mesmo pequenos pecados podem
resultar em condenação eterna, enquanto pouco mais da metade (55%) dizem que
Deus tem “um lado irado”.
A importância desse tipo de levantamento é a grande
influência que a igreja americana tem sobre a maioria das igrejas do mundo
ocidental. Segundo Stephen Nichols, diretor acadêmico da Ligonier, os dados
mostram “um nível significativo de confusão teológica”. “Muitos evangélicos não
têm visões em harmonia com a Bíblia sobre Deus ou os seres humanos,
especialmente em questões de salvação e do Espírito Santo”, acrescentou. Alguns
pontos têm variação expressiva dependendo da tradição teológica a que a pessoa
entrevistada pertence. Porém, em algumas questões os resultados surpreendem. Em
alguns casos, o problema parece ser mais a falta de informação. Menos da metade
(48%) acredita que a Bíblia é a Palavra de Deus, sendo que 50% dos evangélicos
e 49% dos católicos dizem que ela é “útil, mas não uma verdade literal”.
Ao mesmo tempo, por exemplo, apenas 6% dos evangélicos
acham que o “Livro de Mórmon” é uma revelação de Deus, enquanto outros 18% “não
tem certeza e acham que pode ser”. Possivelmente desconhecem que os mórmons são
uma seita e que, para eles, Jesus e o Diabo são irmãos, filhos do Deus-pai, que
vive em outro planeta. Perguntados sobre a natureza de Jesus, um
terço (31%) disse que Deus, o Pai é mais divino do que Jesus, enquanto 9%
não tinham certeza. Além disso, 27% dizem que Jesus foi a primeira criação de
Deus, e outros 11% não tinham certeza.
No segundo e terceiro século, proeminentes teólogos e
líderes da igreja debateram por muito tempo sobre a natureza. O concílio
ecumênico da Igreja em Nicéia, no ano 325, e o concílio ecumênico de
Constantinopla, em 381 declararam sua rejeição a qualquer ensinamento que
defendia que Jesus não era um com o pai, da mesma substância. Logo, tratar
Jesus como um ser criado e menor que Deus-Pai não é um ensinamento cristão,
embora permaneça sendo ensinado por seitas como os mórmons e os Testemunhas de
Jeová.
Na mesma época, concílios ecumênicos também esclareceram
que a Trindade era composta por Pai, Filho e Espírito Santo, sem diferença de
essência ou hierarquia entre eles. Quando questionados sobre a pessoa do
Espírito Santo, os evangélicos de 2014 revelam posturas ainda problemáticas.
Mais da metade (58%) disse que o Espírito Santo é uma força, não uma pessoa.
Enquanto 7% disse não ter certeza. Sobre o Espírito Santo ser menos divino do
que Deus Pai e Jesus, 18% concordaram e o mesmo percentual respondeu “não sei”.
Já dois terços dos católicos (75%) responderam acreditar que o Espírito Santo é
apenas uma “força divina”.
A natureza humana e a salvação são outras áreas que
mostram confusão nas respostas. Dois em cada três evangélicos (71%) dizem que
uma pessoa será salva se buscar a Deus primeiro, e depois Deus responde com sua
graça. Uma percentagem semelhante (67%) disse que as pessoas têm a capacidade
de se converter a Deus apenas por sua própria iniciativa. Ao mesmo tempo, mais
da metade (56%) disse que as pessoas têm de contribuir para a sua própria
salvação.
Essa parece ser a questão que ainda suscita mais debate.
A tradição mais comum entre católicos romanos, ortodoxos e aguns ramos
protestantes defende que os seres humanos cooperam com a graça de Deus na
salvação. O ensinamento cristão histórico em todos os ramos é que qualquer ação
por parte do homem será apenas uma resposta à obra do Espírito de Deus. Ao
serem perguntados sobre a igreja local, 52% acreditam que não há necessidade de
pertenceram a uma igreja, pois buscar a Deus sozinho tem o mesmo valor que a
adoração comunitária. Ao mesmo tempo, 56% disseram crer que o sermão do pastor
não tem “qualquer autoridade” sobre eles. Quarenta e cinco por cento dos
entrevistados acredita que tem o direito de interpretar as Escrituras como
quiserem.
Teólogos comentam
A revista Christianity Today consultou
teólogos sobre os resultados da pesquisa. Para Nichols, a Ligonier apenas
está verificando o que muitos pastores já sabem: as pessoas não conhecem sua fé
a fundo. Timothy Larsen, professor do pensamento cristão no
Wheaton College, afirma que isso só poderá ser revertido com mais discipulado
bíblico. John Stackhouse, professor de teologia no Regent College, em
Vancouver, é enfático: “Um sermão no domingo e um estudo bíblico simples
durante a semana não é suficiente para informar e transformar a mente das
pessoas para seguirem a teologia cristã ortodoxa.” Ele acredita que é preciso mais empenho dos que pregam
para deixar claro o que a Bíblia ensina sobre essas questões-chaves. Opinião
parecida tem Beth Felker Jones, professora de Teologia no Wheaton College: “Os
líderes da Igreja precisam ser capazes de ensinar a verdade da fé com clareza e
precisão, e nós precisamos ser capazes de mostrar às pessoas por que isso é
importante para as nossas vidas.”
Howard Snyder, ex-professor de em vários seminários
conhecidos, enfatiza que a doutrina da Trindade não é um “conceito teológico
abstrato, mas uma verdade cristã fundamental que nos informa sobre o Deus que
adoramos, que somos como seres humanos, e toda a criação”. Na análise do diretor da LifeWay, Ed Stetzer, o
evangélico médio “gosta de acreditar em um tipo de Deus quase cristão, com
doutrinas incompletas”.
Via: Gospel Prime
Nota do Blog: essa notícia é extremamente alarmante! Isso
compromete até a relação do fiel com Deus. Se o cristão não conhece as
doutrinas básicas da fé que ele segue, como ele prestará um culto racional e
verdadeiro ao Eterno. E se essa pesquisa for feita aqui no Brasil, qual será o
resultado? Temo que não será muito diferente. E não estamos falando de doutrinas
mais profundas da teologia ou coisas abstratas, mas de doutrinas centrais da fé
cristã, sem as quais o crente não consegue um amadurecimento espiritual sem
conhecê-las. Temos que orar pelos nossos irmãos para que sintam o desejo de
aprender mais sobre as Sagradas Escrituras e para que alguns pastores e pregadores
parem de pregar bobagens e heresias nos púlpitos e voltam a pregar a sã
doutrina e volte a discipular o rebanho. Como disse o sábio profeta Oséias:
“ Meu povo perece por falta de conhecimento”
Nenhum comentário:
Postar um comentário