O Vaticano digitalizou e disponibilizou na internet uma edição da Bíblia datada do século 4º d.C.. Trata-se do manuscrito conhecido como Códex Vaticano, talvez seja o mais antigo uncial em velino ou em pergaminho (325-350), sendo uma das mais importantes testemunhas do texto do Novo Testamento. "Foi desconhecido dos estudiosos bíblicos até depois de 1475, quando foi catalogado na Biblioteca do Vaticano. Foi publicado pela primeira vez em 1889-1890 em fac-símile fotográfico. Contém a maior parte do Antigo Testamento grego (LXX), o Novo Testamento grego e os livros apócrifos, com algumas omissões."[1] O texto foi, provavelmente, produzido no Egito e está guardado na Biblioteca do Vaticano desde o século XV. O manuscrito tem 759 folhas de velino escritas em letras unciais. A peça é famosa e tem importância histórica por ser considerada como uma das edições da Bíblia mais próxima do original. O manuscrito é um instrumento de trabalho para muitos estudiosos e pesquisadores católicos. Interessados em conhecer o Códex Vaticano podem acessar o site da Biblioteca do Vaticano pelo link digi.vatlib.it.
A grande questão porém, está no fato de que o Códex Vaticano e o Códex Sinaítico, que são os manuscritos mais antigos e mais confiáveis, não fazerem menção há alguns versículos encontrados nas atuais traduções e, devido a esse problema alguns tem levantado dúvidas e questionamentos quanto a autenticidade dos textos que temos em mãos. A principal ausência é verificada no livro de Marcos, quando Jesus ressuscitado teria dito aos discípulos para espalharem a mensagem do Evangelho por todo o mundo.
“E disse-lhes: “Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados”. Marcos 16:15-18.
Em relação ao final "estendido" de Marcos, o comentário Bíblico de Beacon traz a seguinte informação:
"Esses últimos versículos apresentam o que se chama de “um dos maiores problemas textuais do Novo Testamento”. Os fatos são os seguintes: Os dois manuscritos mais antigos e mais confiáveis (Vaticano e Sinaítico) omitem totalmente estes versículos, e encerram o Evangelho de Marcos em 16.8. Estes versículos também não aparecem em vários outros antigos manuscritos e também em algumas versões. Vários patriarcas da Igreja Primitiva confirmam essa omissão, inclusive o grande historiador da igreja, Eusébio, e Jerônimo, o tradutor da Vulgata. Além disso, o comentário mais antigo que existe sobre Marcos termina em 16.8. Ainda outras evidências poderiam ser apresentadas, inclusive o fato de Mateus e Lucas, que também incluem quase todo o Evangelho de Marcos, não usarem esses versículos da maneira como foram registrados aqui."
E continua:
"Outro fato, não evidente na versão King James em inglês, também deveria ser observado. Um manuscrito latino e vários manuscritos gregos incluem um “final abreviado” (além dos versículos 9-20, o chamado “final alongado”) entre os versículos 8 e 9. Acredita-se que estes “finais” tenham sido tentativas primitivas - não da autoria de Marcos - de completar o Evangelho. Seria um erro muito grave acrescentar alguma coisa à Bíblia, da mesma forma que o seria retirar alguma coisa dela (Ap 22.18-19). Alguns estudiosos acreditam que Marcos pretendia encerrar sua mensagem com o versículo 8, não com uma observação de temor, mas com uma de admiração. Mas a maioria deles, entretanto, acredita que esse final abrupto no versículo 16.8 significa que o verdadeiro final do antigo manuscrito estava danificado, e, portanto, perdido, ou que Marcos foi impedido de completar seu Evangelho talvez por causa do martírio." [2]
"A omissão desses textos que não aparecem no Códex Vaticano não é nenhuma novidade. Além desses versículos, também faltam nesse Códice: Gênesis 1.1-46.28; 2Reis 2.5-7,10-13; Salmos 106.27-138.6, bem como Hebreus 9.14 até o fim do Novo Testamento."[3] Marcos 16.9-20 e João 7.58-8.11 são os textos mais debatidos.
Grandes eruditos Bíblicos já apontaram essas diferenças desde a época de sua publicação entre os anos de 1889 e 1890. As traduções atuais trazem esses textos entre colchetes assim como 1Jo 5.7, com as devidas notas de rodapé. O que devemos observar é que esses versículos não foram tirados das atuais versões porque não confrontam nem ferem nenhuma doutrina Bíblica, ou seja, mesmo se fossem retirados, a doutrina cristã não sofreria nenhum tipo de prejuízo. E mesmo que essas passagens não estivessem nos originais não contradizem ou confrontam nenhuma doutrina que não esteja bem embasada de forma cristalina em outra passagens. O que pode ter ocorrido, é que algum cristão piedoso, por considerar o final de Marcos muito abrupto, se baseou em outras partes do Novo Testamento, para dar um final mais harmonioso ao texto, conforme podemos observar no seguinte esboço:
Marcos 16.9-11 são uma versão condensada de João 20.11-18.
Marcos 16.12-13 fazem um resumo de Lucas 24.13-35 (a caminhada para Emaús).
Marcos 16.14-15 lembram Lucas 24.36-49 e Mateus 28.16-20.
Marcos 16.17-18 a maioria dos sinais aqui descritos encontra paralelos em Atos.
Marcos 19-20 Cf. Atos 1.9-11.
Não há motivos para pensar que há erros nas Sagradas Escrituras, isso é natural e pertinente em um texto antigo a qual nós não temos os originais. Isso mostra a necessidade da crítica textual para a construção de um texto o mais fiel possível aos originais.
Paz á todos que estão em Cristo Jesus.
Prof. Saulo Nogueira
Referência Bibliográfica:
[1] Geisler, Norman L; Nix, Willian. Introdução Bíblica. Como a Bíblia chegou até nós.
[2] Comentário Bíblico Beacon versículo por versículo.
[3]Ibid. [1]
Referência Bibliográfica:
[1] Geisler, Norman L; Nix, Willian. Introdução Bíblica. Como a Bíblia chegou até nós.
[2] Comentário Bíblico Beacon versículo por versículo.
[3]Ibid. [1]
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