terça-feira, 9 de junho de 2015

O design inteligente e o "polegar" do panda

     Alguns darwinistas alegam que estruturas complexas em seres vivos são inúteis e não funcionais, e assim esses seres não devem ter sido projetados, mas sim evoluídos. Stephen Gould (in memoriam), paleontólogo da Universidade de Harvard, escreveu sobre um desses supostos exemplos de “bad design”: o pseudo-polegar do panda. Ao contrário do que ocorre com a mão humana, a do panda não tem um polegar opositor. Ele tem cinco dedos, nenhum dos quais é oponível ao outro. Além disso, o panda possui uma ampliação óssea original em seu pulso chamada de “sesamoide radial”. Ele às vezes usa esse osso como dedo a fim prender o bambu (sua dieta principal) em um movimento de pinça, e por isso os biólogos chamam de “polegar” do panda. Gould afirmou que esse osso na mão do panda é “ineficiente”, deixa o panda “desajeitado” para comer, e “não ganharia nenhum prêmio de engenharia em Derby (cidade inglesa conhecida no ramo da engenharia)”.

       O paleontólogo estava tão convencido da importância de sua tese que, em 1980, ele publicou um livro sobre o assunto chamado The Panda’s Thumb.[1] Dois anos antes ele já havia escrito um artigo a respeito do mesmo tema.[2] No entanto, a tese de “bad design” de Gould estava errada. O erro dele estava em comparar a mão do panda com a de um ser humano, assumindo que o polegar do panda teria a mesma função. Por outro lado, Paul Nelson, um filósofo e teórico do design inteligente, fez o seguinte comentário: “Embora o polegar do panda não seja o ideal para muitas tarefas (tais como digitação), parece adequado para o que parece ser sua função habitual, descascar bambu.”[3]

      Um estudo científico corroborou a análise de Paul Nelson ao analisar o polegar do panda-gigante (Ailuropoda melanoleuca) por meio de tomografia computadorizada, ressonância magnética (MRI) e técnicas relacionadas. Ao contrário do que os darwinistas já expressaram sobre o “bad design”, estudos mostram que o osso sesamoide radial (o “polegar”) é um dos sistemas de manipulação mais extraordinários entre os mamíferos.[4-6] As funções do osso sesamoide radiais como manipulador ativo permitem ao panda agarrar hastes de bambu entre o osso e a palma adversária. Uma análise computadorizada das imagens tridimensionais indica que o sesamoide radial não se move independentemente dos seus ossos articulados, mas age como parte de uma unidade funcional de manipulação. O osso sesamoide radial e o osso acessório do carpo formam um aparelho eficaz que permite que o panda manipule objetos com grande destreza.

       Os darwinistas dizem que o design do polegar do panda é ruim em comparação com o polegar opositor do primata. No entanto, o polegar opositor não é projetado para agarrar continuamente. Esse tipo de uso pode resultar na síndrome do túnel do carpo (basta perguntar a qualquer técnico de laboratório que tenha pipetado por muitos anos). Sendo um herbívoro, o panda-gigante gasta quase todas as suas horas de vigília comendo. Ele coleta as folhas de bambu, segurando e descascando as folhas dos caules. Diante disso, ao contrário do que dizem os darwinistas, a presença de um polegar opositor (como o de humanos), sim, seria um projeto ruim para o panda, uma vez que não poderia funcionar sob o estresse do uso contínuo. A mão do panda, com o seu “falso polegar” ligado aos metacarpos, é um projeto muito mais forte capaz de suportar o uso contínuo. Os autores concluíram seu estudo com a seguinte declaração: “Nós mostramos que a mão do panda-gigante tem um mecanismo de garras muito mais refinado do que tem sido sugerido em modelos morfológicos anteriores.”[7]

     Outro estudo mostrou que o panda-gigante e o panda vermelho não foram relacionados, apesar de ambas as espécies possuírem o falso polegar. Além disso, um parente do panda-vermelho do período Mioceno (de supostos 23 milhões a 5,3 milhões de anos atrás), também teve um falso polegar (evidência fóssil).[8] Portanto, o evolucionista deve agora postular que esse “bad design” evoluiu mais de uma vez! Uma vez que o polegar ósseo do panda não é um projeto afuncional, muito pelo contrário, facilita o movimento e evita rompimento dos tendões, isso mostra que são falsas as reivindicações feitas pelos darwinistas ao longo dos últimos 150 anos de “órgãos vestigiais” e “bad design”; eles não compreendem e, por isso, não podem explicar as origens de qualquer estrutura biológica complexa na natureza.


(Everton F. Alves é enfermeiro e mestre em ciência da Saúde pela UEM)

Referências:
[1] Gould SJ. The Panda’s Thumb. New York: W.W. Norton, 1980.
[2] Gould SJ. “The panda’s peculiar thumb.” Natural History 1978; 87(9):20-30.
[3] Nelson P. “Jettison the Arguments, or the Rule? The Place of Darwinian Theological Themata in Evolutionary Reasoning.” Access Research Network, 1988. Disponível em: http://www.arn.org/docs/nelson/pn_jettison.htm
[4] Endo H, Hayashi Y, Yamagiwa D, Kurohmaru M, Koie H, Yamaya Y, Kimura J. “CT examination of the manipulation system in the giant panda (Ailuropoda melanoleuca).” J Anat. 1999; 195 (Pt 2):295-300.
[5] Endo H, Sasaki M, Hayashi Y, Koie H, Yamaya Y, Kimura J.” Carpal bone movements in gripping action of the giant panda (Ailuropoda melanoleuca).” J Anat. 2001; 198(Pt 2):243-6.
[6] Endo H, Hama N, Niizawa N, Kimura J, Itou T, Koie H, Sakai T. “Three-dimensional analysis of the manipulation system in the lesser panda.” Mammal Study 2007; 32(2):99-103.
[7] Endo H, Yamagiwa D, Hayashi Y, Koie H, Yamaya Y, Kimura J. “Role of the giant panda’s ‘pseudo-thumb’.” Nature. 1999; 397(6717):309-310.
[8] Salesa MJ, Antón M, Peigné S, Morales J. “Evidence of a false thumb in a fossil carnivore clarifies the evolution of pandas.” Proc Natl Acad Sci USA. 2006; 103(2):379-82.

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