Por: Saulo Nogueira
Nesses anos de
caminhada com Cristo, tenho tido o privilégio de aprender muitas coisas com o
mestre. E uma delas é em relação à pregação da Palavra. Eu, como Bacharel em
Teologia e professor, dedico grande parte do meu tempo em leituras de Livros
apologéticos, história, comentários Bíblicos e, principalmente da Bíblia. Uma
boa formação e base teológica é imprescindível para que você consiga entender o
contexto histórico, fazer uma boa exegese bíblica e transmitir a mensagem preservando
a intenção do autor e do livro. Muitas distorções doutrinárias poderiam ser
evitadas simplesmente observando regras básicas de hermenêutica. Porém, aprendi
que esse conhecimento é muito importante para que você, como o pregador e
professor, compreenda e repasse a informação de forma correta, mas não deve ser
exaustivamente explorado na hora da pregação da Palavra. Como assim?
Você buscar um
aprofundamento teológico para tirar o máximo do texto bíblico é muito
importante, porém na hora de expor a mensagem, temos que ter o cuidado em filtrar
toda essa informação teológica e transmitir a Palavra de Deus de uma maneira
mais clara e simples possível, que comunique a Verdade de uma forma inteligível
para o as pessoas leigas. A grande maioria das pessoas não está interessada em
Argumentos cosmológicos e Ontológicos, sobre Patrística, Concílios Universais, supra
ou infra-lapsarianismo, etc. Isso é muito interessante para ser debatidos em
estudos acadêmicos, Escola bíblica, e em sites de apologética, como o logos
apologética hoje. Mas não são assuntos essenciais para o conhecimento para a
Salvação. São assuntos secundários que geram divergências até entre os mais
ortodoxos. E alguns pregadores, talvez por falta de bom senso, ou por pura
prepotência teológica, tem cavado tão profundo em suas mensagens, que tendem a
enlamear as águas e deixar uma mensagem que deveria ser clara, lamacenta e de
difícil compreensão. As pessoas comuns querem aprender sobre Salvação, como
obedecer a Palavra, receber o perdão e cura espiritual, como ser cheio do Espírito
Santo e viver na Plenitude e na Graça de Deus. Devemos usar o púlpito para
falar de maneira simples e objetiva, sobre o propósito da morte redentora de
Jesus, Seu Plano de Salvação, sobre arrependimento, perdão, gratidão e frutos
do espírito.
Não quero dizer com
isso, que nós pregadores devemos trazer uma mensagem “rala” e sem conteúdo.
Muito pelo contrário. Ela deve ser profunda nos aspectos importantes para o
crescimento do salvo e sua edificação. Os maduros na fé devem receber um
alimento mais sólido, mas isso não significa, mais teologia em si, mas um
discipulado que o faça crescer no conhecimento e na Graça do Nosso Senhor Jesus
Cristo. Porém, não descarto aqui, alguns assuntos que apesar de também serem
profundos, devem ser pregados e ensinados, pois sem o entendimento deles o
cristão fica com um conhecimento deficiente sobre Deus. A Trindade, a divindade
de Jesus Cristo e a pessoalidade do Espírito Santo são um excelente exemplo.
São doutrinas indispensáveis para a Salvação do crente e para o pleno
conhecimento do Senhor.
“Ora, qualquer que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, pois é criança; mas o alimento sólido é para os adultos, os quais têm, pela prática, as faculdades exercitadas para discernir tanto o bem como o mal. ” (Hebreus 5:13,14)
A maturidade cristã não
se refere a ter o maior conhecimento teológico. Mas sim aqueles que tem uma
conduta cristã exemplar e são irrepreensíveis. São aqueles que não se deixam
levar pelas dissimulações dos outros, mas que são marcas da sua caminhado com
Cristo, a mansidão, longanimidade, benignidade, temperança e acima de tudo, o
amor. Cristãos maduros obedecem a Palavra de Deus, amam o seu semelhante,
praticam boas obras e acima de tudo, buscam o reino de Deus e sua justiça em
primeiro lugar. São constantes em todos os seus caminhos, tem uma linguagem sã
e irrepreensível e fogem da aparência do mal. São discípulos e não seguidores.
São ovelhas e não bodes. São filhos e não somente criaturas.
Deixo esse pequeno
texto à todos aqueles que amam pregar a Palavra de Deus. Preguem à todo tempo,
com coerência, simplicidade e acima de tudo, por amor às almas. Pois é esse
amor e compaixão pelos perdidos que fará com que sua mensagem seja profunda o
suficiente para libertar aqueles que estão ainda presos aos grilhões do pecado. Termino esse humilde texto com uma frase do grande homem de Deus George Müller:
"Nem a eloquência, nem a profundidade de pensamento faz um verdadeiro grande pregador. Somente uma vida de oração e meditação fará dele um vaso pronto para o uso do Mestre e próprio para ser empregado na conversão de pecadores e na edificação dos santos"
Paz do Senhor.
Prof. Saulo Nogueira.
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