Muitas dúvidas nos vem á mente quanto tratamos de assuntos acerca do Arrebatamento e a Segunda Vinda de Cristo. Para contribuir com o debate, quero trazer aos leitores, um estudo muito elucidativo do grande autor e conferencista Dave Hunt, na qual muitas dúvidas serão esclarecidas.
“E eis que venho sem demora, e
comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas
obras... Certamente, venho sem demora” (Ap 22.12,20).
O encontro nos ares
Essas palavras, as últimas de Cristo
que foram registradas por escrito, confirmam Sua promessa anterior: “...voltarei
e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estou, estejais vós também”
(Jo 14.3). Paulo faz referência ao cumprimento dessa promessa:
“Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, ...e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; ...depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor” (1 Ts 4.16-17).
“Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, ...e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; ...depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor” (1 Ts 4.16-17).
Como resposta a essas promessas de
Cristo, “o Espírito e a noiva dizem: Vem!” (Ap 22.17);ao que João
adiciona, jubilante: “Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20b). Quem
é essa Noiva? Após declarar que esposo e esposa são “uma só carne”, Paulo
explica: “Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja”
(Ef 5.32).
A qualquer momento
As palavras de Cristo, do mesmo modo
como as de João, do Espírito e da Noiva, não fariam sentido se essa vinda para
levar os crentes para Si mesmo tivesse que esperar a revelação do Anticristo ou
a consumação da Grande Tribulação (perspectiva pós-tribulacionista). Uma vinda
de Cristo “pós-qualquer coisa” para Sua Noiva simplesmente não se encaixa
nessas palavras das Escrituras. Afirmar que a Grande Tribulação deve ocorrer
primeiro, para que o Espírito e a Noiva digam: “Vem, Senhor Jesus”, é
como exigir o pagamento de uma dívida que vai vencer somente em sete anos! Um
Arrebatamento “pós-qualquer coisa” vai contra várias passagens das Escrituras
que demandam claramente a vinda de Cristo a qualquer momento (iminente). O
próprio Jesus disse: “Cingido esteja o vosso corpo, e acesas as vossas
candeias, sede vós semelhantes a homens que esperam o seu senhor” (Lc
12.35,36a). Esse mandamento seria ridículo se Cristo pudesse vir para
o Arrebatamento apenas após os sete anos da Tribulação.
A vinda que a Noiva de Cristo tanto
deseja levará à ressurreição dos mortos e à transformação dos corpos dos vivos.
Isso fica bem claro não somente em 1 Tessalonicenses 4, mas também através de
outras passagens: “...de onde (os céus) aguardamos o
Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de
humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória” (Fp 3.20-21). Muitas
outras passagens também incentivam os crentes a vigiar e esperar com intensa
expectativa. Essas exortações somente fazem sentido se a possibilidade de
Cristo levar Sua Noiva para o céu puder ocorrer a qualquer momento: ”...
aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 1.7);
“...deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e
verdadeiro, e para aguardardes dos céus o Seu Filho...” (1 Ts. 1.9-10);
“...aguardando a bendita esperança e a manifestação do nosso grande Deus e
Salvador Cristo Jesus” (Tt. 2.13); “...aparecerá segunda vez ...aos que o
aguardam para a salvação” (Hb 9.28); “Sede, pois, irmãos, pacientes, até à
vinda do Senhor” (Tg 5.7). É óbvio
que diferentes opiniões sobre o Arrebatamento não afetam a salvação, mas
deveríamos procurar entender o que a Bíblia diz. A Igreja primitiva estava
claramente esperando o Senhor a qualquer momento. Estar vigiando e esperando
por Cristo, se o Anticristo deve aparecer primeiro, é como esperar o Pentecoste
antes da Páscoa. No entanto, Cristo exortou: “Vigiai, pois, porque não
sabeis o dia nem a hora” (Mt 25.13); “...para que, vindo ele inesperadamente,
não vos ache dormindo. O que, porém, vos digo, digo a todos: vigiai” (Mc
13.36-37).
A surpresa da Sua
vinda
A seguinte afirmação de Jesus também
não se encaixa numa vinda pós-tribulacionista: “Por isso, ficai também
vós apercebidos; porque, à hora que não cuidais, o Filho do Homem virá” (Mt
24.44). É absurdo imaginar que qualquer pessoa sobrevivente da Grande
Tribulação, que tenha visto os eventos profetizados (as pragas e julgamentos
derramados na terra; a imagem do Anticristo no Templo; a marca da besta imposta
a todos que quiserem comprar e vender; as duas testemunhas testificando em
Jerusalém, sendo mortas, ressuscitadas e levadas ao céu; Jerusalém cercada
pelos exércitos do mundo, etc.), tendo contado os 1260 dias (3 anos e meio) de
duração da segunda metade da Grande Tribulação (preditos em Apocalipse
11.2-3;12.14), poderia imaginar naquela hora que Cristo estaria a ponto de
retornar após todos esses acontecimentos, isso será por demais evidente.
Portanto, simplesmente não há como reconciliar uma vinda de Cristo
pós-tribulacionista com Seu aviso de que virá quando não estiver sendo
esperado.
Distinção entre
Arrebatamento e Segunda Vinda
Somente essa afirmação já distingue o
Arrebatamento (a retirada da Igreja da terra para o céu) da Segunda Vinda (para
resgatar Israel durante o Armagedom); pois este último acontecimento não vai
surpreender quase ninguém. Contrastando com Seu aviso de que mesmo muitos na
Igreja não O estarão esperando, as Escrituras anunciam outra vinda de Cristo
quando todos os sinais já tiverem sido cumpridos e todos souberem que Ele está
voltando. A um Israel descrente, Cristo declarou: “Assim também vós:
quando virdes todas estas coisas, sabei que está próximo, às portas” (Mt.
24.33). Até o Anticristo saberá: “E vi a besta e os reis da
terra, com os seus exércitos, congregados para pelejarem contra aquele que
estava montado no cavalo e contra o Seu exército” (Ap 19.19).
Ou Cristo está se contradizendo
(impossível!), ou Ele está falando de dois eventos. Jesus
disse que virá num tempo de paz e prosperidade quando até Sua Noiva não estará
esperando por Ele: “Ficai também vós apercebidos, porque, à hora em que
não cuidais, o Filho do Homem virá” (Lc 12.40). Não somente as
[virgens] néscias, mas até as sábias estarão dormindo: “E, tardando o
noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram” (Mt 25.5). No entanto, a
Escritura diz que o Messias virá quando o mundo estiver quase destruído pela
guerra, fome e os juízos de Deus, e quando Israel estiver quase derrotado.
Então, Yahweh declara: “olharão para aquele a quem traspassaram” (Zc
12.10b), e todos os judeus vivos na terra reconhecerão seu Messias que
retornará como “Deus forte, Pai da Eternidade” (Is
9.6): exatamente como os profetas previram, Ele veio como homem, morreu
pelos seus pecados, e retornará, dessa vez para salvar Israel. Sobre esse
momento culminante, Cristo declara: “Aquele, porém, que perseverar até
ao fim, esse será salvo” (Mt 24.13). Paulo adiciona: “...todo
o Israel [ainda vivo] será salvo”... (Rm 11.26).
Dois eventos distintos
Não podemos escapar ao fato de que
duas vindas de Cristo ainda se darão no futuro: uma que surpreenderá até mesmo
Sua Noiva e outra que não será uma surpresa para quase ninguém. As duas não
podem ser o mesmo evento. Mas onde o Novo Testamento diz que ainda há duas
vindas a serem cumpridas? Todo cristão crê em duas vindas de Cristo: Ele veio
uma vez à terra, morreu pelos nossos pecados, ressuscitou dentre os mortos,
retornou ao céu e voltará. Contudo, aparentemente em nenhum lugar do Antigo Testamento parece dizer que
haveriam duas vindas distintas. Esse fato causou confusão para os rabinos, para
os discípulos de Cristo e até para João Batista, que era “cheio do
Espírito Santo, já do ventre materno” (Lc 1.15, 41,44), João tinha
testificado que Jesus era “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo” (Jo 1.29). No entanto, este último dos profetas do Velho
Testamento, de quem não havia ninguém maior “nascido de mulher” (Lc 7.28), começou
a duvidar: “És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro?”
(Mt 11.3).
Somente uma vinda do Messias era
esperada pelos Judeus. Ele iria resgatar Israel e estabelecer Seu Reino sobre o trono de
Davi em Jerusalém. Por essa razão os rabinos, os soldados e a multidão zombaram
dEle na cruz (Mt 27.40-44; Mc 15.18-20; 29-32; Lc 23.35-37). Apesar de todos os
milagres que Jesus tinha feito, os discípulos, da mesma forma, tomaram Sua
crucificação como a prova conclusiva de que Ele não poderia ter sido o Messias.
Os dois na estrada de Emaús disseram: ”... nós esperávamos que fosse Ele
quem havia de redimir Israel” (Lc 24.19-21) – mas agora Ele estava
morto. Cristo os repreendeu por não crerem “tudo o
que os profetas disseram!” (Lc 24.25). Este era o problema comum:
deixar de considerar todas as profecias. Israel tinha uma
compreensão unilateral da vinda do Messias (e continua assim atualmente), que
lhe permitia ver apenas Seu reino triunfante e o deixava cego para Seu
sacrifício pelo pecado. Até mesmo muitos cristãos estão tão obcecados com
pensamentos de “conquista” e “domínio” que imaginam ser responsabilidade da
Igreja dominar o mundo e estabelecer o Reino de Deus, para que o Rei possa
retornar à terra para reinar. Eles se esquecem da promessa que Ele fez à Sua
Noiva de levá-la ao céu, de onde ela voltará com Ele para ajudá-lO a governar o
mundo.
O Arrebatamento
ocorrerá antes da Tribulação
Como poderia Cristo executar
julgamento sobre a terra, vindo do céu “entre suas santas
miríades (multidões de santos)” (Jd 14), se primeiro não
as tivesse levado para o céu? Aqui temos outra razão para um Arrebatamento
anterior à Tribulação. Incrivelmente, Michael Horton, em seu livro “Putting
Amazing Back into Grace”, imagina que 1 Tessalonicenses 4.14 (“assim
também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem”) refere-se
à Segunda Vinda de Cristo “com os santos”. Ao contrário, na ocasião do
Arrebatamento Jesus trará a alma e o espírito dos cristãos fisicamente mortos
para serem reunidos com seus corpos na ressurreição, levando-os para o céu
juntamente com os vivos transformados. Na Segunda Vinda Ele trará consigo de
volta à terra os santos vivos, que já foram ressuscitados e previamente levados
ao céu no Arrebatamento. Antes da volta de Cristo com os Seus santos haverá a
celebração das Bodas do Cordeiro com Sua Noiva (Ap 19.7). Tendo passado pelo
Tribunal de Cristo (1 Co 3.12-15); (2 Co 5.10 ), os santos estarão vestidos de
linho fino, branco e puro (Ap 19.8). Certamente eles devem ser também o
exército vestido de linho fino, branco e puro (Ap 19.14) que virá com Cristo
para destruir o Anticristo. Quando eles foram levados ao céu? É claro que isso
não ocorrerá durante a própria Segunda Vinda, pois não haveria tempo suficiente
nem para o Tribunal de Cristo, nem para as Bodas do Cordeiro. O
Arrebatamento deve ter
ocorrido anteriormente. Aqueles que estão com seus pés plantados na terra,
esperando encontrar um “Cristo”, esquecem que o verdadeiro Cristo virá nos
buscar para nos encontrarmos com Ele nos ares e nos levará para a casa de Seu
Pai. Eles se esquecem também que o Anticristo estabelecerá um reino terreno
antes que o verdadeiro Rei volte para reinar. Infelizmente, os que se empenham
em estabelecer um reino nesta terra estão preparando o mundo para o reino
fraudulento do “homem do pecado”.
A Escritura
registra duas vindas
Como alguém nos tempos do Velho
Testamento poderia saber que haveria duas vindas do Messias? Somente por
implicação. Ou os profetas se contradisseram quando profetizaram que o Messias
seria rejeitado e crucificado e que Ele também seria proclamado Rei sobre o
trono de Davi para sempre, ou eles falavam de duas vindas de Cristo. Não há
forma de colocar dentro de um só evento o que os profetas disseram.
Simplesmente tem de
haver duas vindas do Messias: primeiro como o Cordeiro de Deus, para morrer
pelos nossos pecados, e depois como o Leão da Tribo de Judá (Os 5.14-15; Ap
5.5), em poder e glória para resgatar Israel no meio da batalha do Armagedom. A
mesma coisa acontece no Novo Testamento. Note as muitas “contradições”, a menos
que estes sejam dois eventos:
1) Ele vem para Seus
santos e numa hora que ninguém espera; mas vem com Seus santos
quando todos souberem que Ele está vindo;
2) Ele não vem à terra mas arrebata os santos para se encontrarem com
Ele nos ares (1 Ts 4.17); por outro lado, Ele vem à terra: “naquele
dia, estarão Seus pés sobre o monte das Oliveiras” (Zc.14.4), e os
santos vem à terra com Ele;
3) Ele leva os santos para o
céu, para as muitas mansões na casa de Seu Pai, para estarem com Ele (Jo.14.3);
mas traz os santos do céu
(Zc 14.5, Jd 14);
4) Ele vem para Sua Noiva num tempo de paz e prosperidade, bons negócios
e prazeres (Lc 17.26-30); mas volta para salvar Seu povo Israel quando o mundo
já terá sido praticamente destruído, em meio ao pior conflito já visto na
terra, a batalha do Armagedom;
Rebatendo as críticas
ao Arrebatamento
Cristo declarou: “Assim como
foi nos dias de Noé ...comiam, bebiam, casavam-se... O mesmo aconteceu nos dias
de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; mas, no dia
em que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre... Assim será no dia em
que o Filho do Homem se manifestar” (Lc 17.26-30). Essas condições
mundiais por ocasião do Arrebatamento só podem se referir ao período anterior à
Tribulação; certamente não ao final dela!
Arrebatamento? Há críticos afirmando
que a palavra “Arrebatamento” nem está na Bíblia! Isso não é verdade, pois a
versão latina da Bíblia (Vulgata), feita por Jerônimo no quinto século,
traduziu o grego harpazo (arrancar subitamente) pela
palavra raptus (raptar), da qual deriva “Arrebatamento”. Foi o
que Cristo nos prometeu em João 14: levar-nos para o céu. Outros críticos divulgam
o mito propagado por Dave MacPherson, de que o ensino do Arrebatamento antes da
Tribulação apareceu apenas no início do século XIX através de Darby, que o teria
aprendido de Margaret MacDonald. Ela o teria recebido de Edward Irving, e este,
por sua vez, o teria encontrado nos escritos do jesuíta Emmanuel Lacunza. Isso
simplesmente não é verdade. Muitos escritores anteriores expressaram a mesma
convicção. Um deles foi Ephraem de Nisibis (306-373 d.C.), bem conhecido na
história da igreja da Síria. Ele afirmou: “Todos os santos e eleitos de Deus
serão reunidos antes da tribulação, que está por vir, e serão levados para o
Senhor...” Seu sermão com essa afirmação teve ampla circulação popular em
diferentes idiomas.
Sim, há uma vinda do Senhor após a Tribulação: “Logo em
seguida à tribulação daqueles dias... verão o Filho do Homem vindo sobre as
nuvens do céu, com poder e muita glória” (Mt 24.29-30). A referência
aos anjos “reunindo Seus escolhidos dos quatro ventos” (vv. 29-31) certamente
não significa Cristo arrebatando Sua Igreja para levá-la ao céu, pois trata-se
do ajuntamento do Israel disperso, de volta à sua terra quando da Segunda Vinda.
Cristo associou o mal com o pensamento de que Sua vinda se atrasaria: “Mas,
se aquele servo, sendo mau, disser consigo mesmo: Meu Senhor demora-se” (Mt
24.48; Lc 12.45).Novamente, essa afirmação não tem sentido se o
Arrebatamento vem após a Tribulação.
Conclusão
Não existe motivo maior para uma vida
santa e um evangelismo diligente do que saber que o Senhor poderia nos levar ao
céu a qualquer momento. Que a Noiva acorde do seu sono, apaixone-se novamente
pelo Noivo, e de coração diga continuamente por meio da sua vida diária: “Vem,
Senhor Jesus!”.
Texto adaptado do artigo de Dave Hunt.
Nenhum comentário:
Postar um comentário