Alguns dias atrás,
saiu uma matéria no site Globo.com, alegando que segundo pesquisas recentes, a
afirmação de que existiam camelos domesticados no período Patriarcal é um
grande anacronismo Bíblico, ou seja, Abraão, Isaque e Jacó não possuíam
camelos, visto que eles só foram domesticados em torno do séc. X a.C. Sendo assim, a história de José sendo vendido a uma caravana de
ismaelitas montados a camelo (Gn 37:23) não passaria de pura fantasia dos
tempos monárquicos. A matéria é recente, mas a briga é antiga.
Essa argumentação vem desde o tempo de W. F. Albrigth (meados do século
passado), onde as pesquisas na época pareciam demonstras que de fato o texto Bíblico
estava errado.
A questão é que pelo simples fato de se ter
encontrado evidências de que os camelos já eram domesticados no Séc. VI a.C.,
não significa que não existia esta prática antes.Não era comum, mas já existia.
O próprio relato Bíblico nos diz que nesse período se fazia uso do leite desses
animais, conforme Gênesis 32:15:
“Trinta camelas de leite
com suas crias, quarenta vacas e dez novilhos; vinte jumentas e dez
jumentinhos…”
Mas para não parecer um argumento circular, apresentarei algumas descobertas
de arqueólogos que comprovam que já existiam camelos domesticados no tempo dos
Patriarcas:
Randall Younker, arqueólogo da Universidade
Andrews, Michigan, encontrou em Assuã, no Egito, um desenho esculpido na rocha
de um homem guiando um camelo por uma corda. A inscrição ao lado do desenho
sugere a data de 2.300 a.C. Também escavações nas ruínas em Ur dos caldeus,
região em que Abraão morava, trouxe á tona uma representação em ouro de um
camelo ajoelhado, que datava o período da 3ª dinastia (2050 a.C.) dessa
importante cidade no passado. Diante dessas evidências, parece ser bem provável
a domesticação de camelos como uma técnica bem mais antiga do que sugere os
estudiosos de Tel Aviv, remontando sim ao período Patriarcal.
Além disso, um texto Sumeriano, datado de
2.000 a.C., encontrado em Nipur, fala sobre o uso do leite da fêmea de camelos.
E em Biblos, região da antiga Síria, também foi descoberta uma figura
incompleta de um camelo ajoelhado datada ente o séc. 19 e 18 a.C. Kenneth
Kitchen, egiptólogo e membro honorário de pesquisa em arqueologia, resume bem estas evidências:
“Com
frequência tem sido afirmado que a menção a camelos e sua utilização é um
anacronismo no livro de Gênesis. Tal acusação simplesmente não está ao lado da
verdade, visto que existem evidências tanto filológicas quanto arqueológicas no
tocante ao conhecimento e à utilização desse animal nos começos do segundo
milênio a.C., e mesmo antes”. Prosseguiu ele em sua explanação: “Apesar de uma
possível referência a camelos, em uma lista de rações de Alalakh (cerca do
século 18 a.C.), ter sido disputada, as grandes listas léxicas mesopotâmicas,
que se originaram no antigo período babilônico, mostram que o camelo era
conhecido desde cerca de 2000 — 1700 a.C., incluindo sua domesticação.
Outrossim, um texto sumério de Nipur, pertencente ao mesmo antigo período,
fornece-nos uma clara evidência da domesticação do camelo nesse tempo, através
de suas alusões a leite de camela. Ossos desse animal têm sido encontrados nas
ruínas de casas em Mari, pertencente ao período anterior ao rei Sargão –
séculos 25 e 24 a.C. Essas e uma grande variedade de evidências não podem ser
descartadas levianamente. Quanto aos começos e aos meados do segundo milênio
a.C., um uso limitado do camelo é pressuposto tanto por evidências bíblicas
quanto evidências externas, até o século 12 a.C.”.[1]
A Bíblia de Estudo Arqueológica, também traz uma interessante nota esclarecedora:
"(...) Foi descoberto uma corda trançada de pelos de camelos do período pré-dinástico egípcio, além de um texto Ugatítico do início do II milênio a.C. retrata o camelo como animal doméstico [2]
A Bíblia de Estudo Arqueológica, também traz uma interessante nota esclarecedora:
"(...) Foi descoberto uma corda trançada de pelos de camelos do período pré-dinástico egípcio, além de um texto Ugatítico do início do II milênio a.C. retrata o camelo como animal doméstico [2]
O arqueólogo brasileiro Rodrigo Silva, apresentador
do programa Evidências, também confirma os relatos Bíblicos:
“O curioso é que esse tipo de pesquisa
é encabeçada por professores das Universidade de Tel Aviv e Haifa, mas não é
endossada por grande parte dos arqueólogos de outras universidades, como a
Universidade do Cairo, Universidade Hebraica de Jerusalém e outras. Há menos de
um mês, eu pessoalmente pude fotografar desenhos rupestres no deserto de Wadi
Rum, na Jordânia, que mostram o camelo em situação domesticada servindo de
montaria e animal de companhia de um caçador (fotos abaixo). Esses desenhos são
do período Calcolítico, que é anterior à época dos patriarcas, indicando que
esses animais já eram domesticados quando Abraão andou por aquelas paragens.”
“E tem mais: um texto sumeriano
do ano 2000 a.C., encontrado em Nippur, e outro menos preciso encontrado em
Alalaque, mencionam não só a existência desse animal entre as tribos, mas
também o uso costumeiro de seu leite. Ora, para se obter leite de um animal,
ele deve ser domesticado! A figura de um camelo encontra-se desenhada em uma
estela da cidade de Umm An Nar, no sudoeste da Arábia, e é datada com segurança
como pertencente ao terceiro milênio antes de Cristo. Também junto às ruínas
descobriram ainda ossos de camelo datados do terceiro milênio antes de Cristo,
o que, segundo a Dra. Ilse Kohler-Rollefson, autoridade mundial no assunto,
seria “uma forte evidência de que o camelo já era um animal domesticado nos
tempos patriarcais”.
Prof. Saulo Nogueira.
Fonte: [1] Kitchen, Kenneth. On the Reliability of the Old Testament, Grand
Rapids and Cambridge: William B. Eerdmans Publishing Company, 2003.
[2] Bíblia de estudo Arqueológica
[3] Criacionismo
[2] Bíblia de estudo Arqueológica
[3] Criacionismo
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